No Brasil, país misto composto por diversas etnias, sendo os povos indígenas, portugueses e africanos os pioneiros na formação cultural dessa nação, vê-se um conflito entre as diferentes crenças e culturas, especialmente, no que se refere às religiões advindas do continente africano que são, pejorativamente, criticadas. Considerando isso, percebe-se, no diálogo cultural, uma forma de desmistificar os preconceitos existentes para com a cultura do outro, enfatizando a importância de se aceitar e respeitar as diferentes realidades. Portanto, será apresentado, neste trabalho, as implicações de um diálogo entre as culturas brasileira, angolana e moçambicana, na sala de aula, a partir de contos da tradição oral, levando-se em conta o fato de que tais narrativas apresentam aspectos culturais do espaço e tempo no qual foram produzidos. Para tanto, esta pesquisa caracterizada, metodologicamente, como uma pesquisa-ação, baseou-se nas reflexões de Leite (2012), Freitas (2010), no que concerne à oralização das literaturas africanas; Jolles (1976), quanto às narrativas curtas; Compagnon (2010), no que diz respeito à literatura; Bauman (2012) e Hall (2006), sobre as noções de culturas e Jullien (2009) no que se refere à noção de interculturalidade, dentre outros estudiosos que trazem reflexões que sustentam a nossa investigação. Ao longo desse processo que buscava levar para estudantes de Língua Portuguesa, os diálogos interculturais, verificou-se que boa parte dos alunos enxergaram semelhanças e diferenças entre as narrativas objeto de estudo da pesquisa e, sobretudo, entre as culturas investigadas, mas também constataram que as ações diferentes justificam-se pelo fato de se tratarem de culturas distintas.