VENÂNCIO, Rafael et al.. Discursos fora de ordem: limites do sexo e da escola. Anais VI ENLIJE... Campina Grande: Realize Editora, 2016. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/25950>. Acesso em: 22/11/2024 04:45
Na Grécia Antiga, os relacionamentos sexuais entre homens eram encarados pela sociedade como uma prática pedagógica. Era comum que, por meio do ritual de iniciação denominado pederastia, o jovem obtivesse os pré-requisitos necessários a sua formação. A sexologia do séc. XIX foi responsável, com seu discurso científico, por atribuir às práticas homossexuais um caráter patológico, corroborando o discurso religioso predominante. A psicanálise, por sua vez, debruçando-se sobre as questões do inconsciente, procurou afirmar a plasticidade do desejo, colocando-o a serviço das moções pulsionais. À procura de explicações para comportamentos considerados, à época, perversos e bizarros, o mestre vienense, na contramão dos discursos segregadores de uma Viena conservadora, interpretou o amor que não ousa dizer seu nome, como um outro caminho, dentre os inúmeros itinerários forjados pela sexualidade. Na esteira de suas teorizações, a homossexualidade foi concebida como resultado das relações edípicas. Mas, não só as correntes psicanalíticas, como também obras de ficção têm dado uma nova abordagem para os sujeitos homoeróticos. É o caso do romance Will & Will, da dupla de escritores norte-americana John Green e David Levithan, publicado em 2015, no qual as vicissitudes do desejo são postas em cena. Assim, numa conexão entre a psicanálise (pós) freudiana e a literatura infanto-juvenil, nossa pesquisa pretende analisar o personagem Will Grayson, ante o desvelamento de sua sexualidade no âmago de uma sociedade marcada por convicções heteronormativas. Discutiremos, ainda, o papel da escolar enquanto lugar de formação e respeitabilidade, capaz de acolher a diversidade em múltiplos caminhos. .