Há mais de uma década o ensino da História e da cultura afro-brasileira, respaldado pela Lei n° 10.639/2003 , ocupa um espaço a ser respeitado no currículo escolar. Com isso, houve a necessidade de revisar os conteúdos e posicionamentos acerca da história do negro e sua cultura em sala de aula, percebendo-o como parte de um conjunto de práticas e valores de origem africana que são um dos pilares fundamentais para a formação do Brasil. Assim, com o intuito de elaborar estratégias para questionar movimentos de inscrição negativa das alteridades/identidades afro-religiosas, pretende-se analisar o processo através do qual, no Ensino Fundamental maior, se consolidam certas formas de representar o universo material, simbólico e humano das manifestações religiosas de matriz africana, consubstanciando-se determinados tipos de consciência histórica na qual esses repertórios ou estão ausentes ou são estereotipados.Pois, constantemente, é observado na sociedade, manifestações de incompreensão e preconceito existente em relação às religiões afro-brasileiras. No universo escolar, crianças e adolescentes oriundos dessas vertentes religiosas geralmente passam por situações constrangedoras devido a esse processo de desrespeito que está arraigado na própria constituição do Brasil enquanto nação. Na realidade, é nesse ambiente que elas se sentem mais reprimidas em assumir determinadas identidades. Deve-se destacar que em vários estados do Brasil é possível perceber a disseminação dos cultos afros. Esta proliferação pode ser vista, sob certo aspecto, como a vitória de saberes e fazeres que, através de homens e mulheres africanos que atravessaram o oceano, se arraigaram á sociedade brasileira, assim, variando de acordo com a origem territorial africana e o contato com práticas e saberes nativos, foi se configurando um campo múltiplo, diversificado e rico de expressões culturais e religiosas de marca popular e negro-mestiça. Em vista disso, é inquestionável a necessidade de se explorar esses temas em sala de aula levando em conta sua diversidade e peculiaridades. No Maranhão, a partir da análise da literatura existente sobre a temática, pode-se aferir que são mais comuns na cidade de São Luís a pajelança e o tambor de mina, contudo no interior do estado essas expressões recebem classificações diversas: Badé, Berequete, Pajelança, Jirumga, Panguará, Iemanjá, Baía, Terecô, Cura, Brinquedo de Cura ou simplesmente Brinquedo.Vale destacar que o terreno da questão religiosa é, no campo educacional, um dos mais árduos a se debater, especialmente no que se refere à cultura afro-brasileira, considerando não apenas o processo histórico de estigmatização dessas religiões desde o Brasil Colônia, mas também os movimentos mais recentes de ataque, fomentado especialmente, mas não exclusivamente, por igrejas evangélicas. Assim é necessário problematizar esse tema nas escolas, pois, de um lado, ao incorporar essa discussão, abre-se a possibilidade de um rompimento real com o proselitismo no ambiente escolar, por outro, deve-se reconhecer este como um espaço indispensável para se pensar a problematização das relações étnico-raciais no país. Partindo, assim do pressuposto de que é significativo criar um sentimento de pertencimento do aluno á realidade histórica.