No presente texto mostrarei como o estudo do processo de envelhecimento e a vivência da velhice merecem uma discussão a respeito do corpo e da cotidianidade a partir do prisma da corporificação ou corporeidade (Scordas; 2008), como forma de superar a dualidade mente/corpo. Ou seja, um enfoque que situe o corpo mais além de pensá-lo como um mero objeto para um “eu penso”.
Para tanto, apresentarei uma narrativa de vida de um casal residente de um vilarejo minerador Inca de Oro, localizado no norte do Chile, zona com alta presença da mineração. O casal formado, por Dom Jorge e Dona Glória, desenvolveram uma atividade mineradora tradicional chamada pirquineria. Nesse contexto o processo de envelhecimento foi marcado por condições de trabalho que agravaram o processo natural de decadência do corpo, e deixaram ao casal em situações de vulnerabilidade. No entanto, mesmo padecendo de doenças incapacitantes (silicose) o casal agencia a estrutura social na qual vivem em sua vida cotidiana.