As drogas fazem parte da nossa história há milênios. Substâncias psicoativas eram utilizadas para os mais variados fins, principalmente em rituais religiosos. Em rituais judaico-cristãos, por exemplo, o vinho é sacralizado representando a própria divindade. No entanto, mudanças econômicas e sociais provocaram rearranjos culturais, o que implicou na maneira como a temática das drogas é tratada. Dessa forma, o uso de drogas é atualmente abordado sobre o tripé: relacionando seu uso à doença, à criminalidade e também a partir de cunho moralista. A perspectiva predominante pela qual esse fenômeno é trabalhado é a guerra às drogas, o proibicionismo e abstinência. Além disso, esse tema se faz presente, sobretudo, nos campos da saúde e educação. Diante desse quadro o trabalho tem o objetivo analisar como esse tema é tratado na educação. Nesse contexto, realizamos uma breve análise do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD (adaptação do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education - D.A.R.E.). Para isso foi analisado a metodologia do programa através dos materiais – cartilhas, e recursos audiovisuais – que são disponibilizados aos alunos, bem como as informações e divulgações realizadas pelo PROERD em sua página eletrônica e também a partir de entrevista realizada com um instrutor do programa na cidade de Campina Grande – PB. A partir da análise verificamos que o programa, implantado em diversos estados brasileiros, corrobora a perspectiva de guerra às drogas e possui metodologia excludente, pois possui uma organização extremamente verticalizada de forma que não considera as diversas subjetividades e contextos dos alunos, divergindo da proposta do MEC que propõe uma educação crítica e voltada à autonomia dos sujeitos. Assim, visando refletir algumas alternativas que possam incluir as diversidades presentes nos contextos escolares, e adotando uma perspectiva voltada à garantia dos Direitos Humanos, apontamos algumas possibilidades de se trabalhar uma educação inclusiva sobre as drogas. Para tal, tecemos reflexões acerca da proposta da Redução de Danos e alguns apontamentos baseados na Teoria do Desenvolvimento Moral, principalmente no que toca o conceito de comunidade justa.