A cartografia tátil tem relevância tanto para a pessoa com deficiência visual, a partir das necessidades do seu cotidiano para se deslocar num edifício ou na cidade, quanto para estudar o ambiente em que se vive, aprendendo características: físicas, econômicas, sociais etc. ou mesmo as suas inter-relações. Por isso, é necessário destacar o caráter emancipador da cartografia tátil, porque amplia as possibilidades de independência destas pessoas e fornece-lhes conhecimentos para intervir sobre o espaço. Como também, os estudos cartográficos abarcam pretensões que vão além da técnica, da ciência e da arte, porque busca fomentar explicações do espaço geográfico que podem ultrapassar as informações da representação, desenvolvendo a consciência crítica socioespacial. Sendo assim, o discente deixaria de atuar como um mapeador mecânico e passivo para tornar-se um mapeador consciente. Mas, esta formação cartográfica dos estudantes e dos docentes ainda é um desafio a ser enfrentado, pois a escola ainda não tem conseguido alcançar esses objetivos. Além disso, será que as escolas que recebem as pessoas com deficiências visuais possuem recursos táteis cartográficos para serem usados na disciplina geográfica? Nesta perspectiva, o objetivo dessa pesquisa é verificar como a cartografia tátil contribui na construção do conhecimento geográfico de estudantes com deficiência visual no 9° ano do Ensino Fundamental, da EEEFM Senador Argemiro de Figueiredo, em Campina Grande – PB. Faz-se importante salientar também que nesta escola está sendo realizado o projeto de extensão intitulado “Oficinas de Geografia para estudantes videntes e com deficiência visual”, tentando contribuir com momentos formativos para os docentes e favorecendo a preparação de materiais pedagógicos táteis, a partir de estudantes monitores videntes, que apoiam os alunos com deficiência visual. Logo, a investigação ocorre concomitantemente à execução do projeto de extensão. Diante disso, usamos a metodologia qualitativa e o estudo de caso enquanto instrumento investigativo, que ainda encontra-se em andamento. E desenvolvemos a pesquisa a partir de três estudantes cegos, sendo um com baixa visão e dois com cegueira total, através da construção dos conhecimentos cartográficos com o uso de recursos táteis nas aulas de geografia. Neste contexto, identificamos que através do trabalho com a rosa dos ventos tátil, da maquete da escola e das plantas baixas da mesma instituição, os estudantes conseguiram avançar nos conceitos de escala, orientação, localização, pontos de vista e distância, de forma muito proveitosa. Como também, na aula sobre os fluxos internos da escola e dos movimentos migratórios internacionais conseguiram se apropriar das simbologias representadas com o uso das setas de lixas com larguras diferentes, indicando os quantitativos de pessoas se deslocando na escola e do mesmo material no planisfério tátil, enfatizando os deslocamentos populacionais no mundo. Isto demonstra que são necessários aportes materiais táteis, específicos para estes segmentos, e de formação continuada para os docentes, com condições de trabalho adequadas, para que de fato e não apenas de direito, a inclusão educacional aconteça. Desta forma, há a necessidade do comprometimento dos gestores das diversas esferas federativas com a construção de uma escola pública de qualidade e de fato inclusiva.