O termo Educomunicação consolida-se, sobretudo, com a sistematização do campo nos anos 1990, mais especificamente a partir de 1999, quando concluída pesquisa realizada pelo Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), da Universidade de São Paulo (USP), coordenada pelo professor Ismar de Oliveira Soares. Segundo Soares (2011a, p.34), a referida pesquisa “trabalhou com uma amostragem representativa de programas e projetos que, em 12 países da América Latina, desenvolviam algum tipo de trabalho na interface entre a comunicação social e a educação”. A diversidade de estudos publicados sobre a interface Comunicação/Educação, em sua maioria, ressalta a práxis como característica essencial ao campo, definindo-o como uma área concreta de intervenção social. Todavia, os autores destacam também, a necessidade constante de reflexão epistemológica sobre essa inter-relação, objetivando garantir “unicidade às práticas da Educomunicação, permitindo que o campo seja reconhecido, evolua e se legitime” (SOARES, 2011b, p.27). Em busca dessa legitimação, muitos pesquisadores da área têm buscado problematizar o reducionismo ao qual a Educomunicação vem sendo submetida, encarada por significativo número de estudantes e professores, como uma “disciplina” que visa inserir as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no ambiente escolar. Porém, como veremos, a compreensão do diálogo entre a Comunicação e a Educação envolve outras questões, ultrapassando o reducionismo tecnológico/mecanicista. Nessa perspectiva, o presente artigo visa abordar as principais reflexões sobre o campo educomunicativo, procurando, dessa forma, evidenciar suas linhas de pesquisa, metodologias e ações de intervenção. Para isso, realizamos uma breve análise histórica acerca dessa nova área, buscando ampliar o referencial conceitual responsável por originar o que conhecemos hoje por Educomunicação. Autores como Ismar de Oliveira Soares, Mário Kaplún, Paulo Freire e Jesús Martín-Barbero, serão fundamentais para compreender e ampliar o debate sobre as práticas educomunicativas. Vale ressaltar que o processo de construção deste trabalho se deu, especialmente, através da sistematização histórica do campo educomunicativo. Visando ampliar a compreensão do termo Educomunicação, realizamos um levantamento bibliográfico preliminar, tendo como base os principais autores da área. Artigos publicados em periódicos de referência, como na Revista Comunicação e Educação, da USP, além de livros produzidos em parceria com o NCE, fizeram parte desse processo. É importante lembrar também que a escolha por uma abordagem histórica da Educomunicação, bem como, o levantamento bibliográfico preliminar, o qual culmina na sistematização aqui proposta, foram pensados, fundamentalmente, visando fugir do reducionismo ao qual, muitas vezes, o campo é submetido. Nesse sentido, acreditamos que compreender as origens da Educomunicação e as mudanças pelas quais a área vem passando faz-se essencial para ampliar o conhecimento sobre o campo e fugir de uma perspectiva redutora.