Por volta dos anos sessenta, os estudos a respeito da categoria “espaço” floresceram significativamente, tornando-se vertente que se destaca nos estudos literários contemporâneos. Nesse sentido, configurado como parte essencial da narrativa, o espaço adquire aspectos que ultrapassam o qualificante de pano de fundo aos acontecimentos, a ação, para tornar-se ponto de trocas interculturais marcadas por uma busca identitária. Assim, em tempos cujas culturas se inter-relacionam, ou como nos diria Zygmunt Bauman, em tempos líquidos, frutos de um espaço globalizado, o espaço narrativo transpõe-se em espaço de alteridade, de relações de trocas e entrelaçamentos, ou conforme afirma Stuart Hall (2006) numa “multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades”. Deste modo, analisando uma narrativa construída sob a perspectiva do olhar imigrante feminino, o presente trabalho objetiva discorrer sobre a representação do espaço urbano no romance More, de Austin Clarke, apoiados pelos teóricos supracitados e acrescidos por Homi Bhabha, Gaston Bachelard, Joan Scott, entre outros.