Tendência a construir mitos, a cristalizar verdades ou a hierarquizar posições é típica da sociedade humana nas suas relações de poder e saber. Tal realidade ocorre com a dualidade “masculino-feminino”. Portanto, a nossa comunicação tenciona “desconstruir” o estereótipo da mulher “Maria”, isto é, problematizando o lugar de sujeito historicamente construído a partir da figura da “santa mãezinha” ou da dona-de-casa submissa, oprimida e humilhada. Na contramão do rebanho, arquitetam-se na vida real e na pena do escritor-artista enredos de lutas e resistências tecidas por mulheres do século XIX e de meados do século XX, épocas ainda profundamente dominadas pelo patriarcalismos. A representação de uma “mulher popular rebelde, ativa e resistente” (PERROT, 1992, p.172) será analisada mediante a “arriscada” comparação da personagem histórica Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita) e a personagem ficcional Maria Moura, criada por Rachel de Queiroz. Para fundamentar essa discussão foi imprescindível a leitura de Beauvoir (1980), Butler (2003), Del Priore (2009), Foucault (2004), Louro (2011), Perrot (1992), Touraine (2007), dentre outros. Sendo preciso compreender, também, a diferença entre a ficção e a história, a imaginação literária e as condições estruturantes da realidade social.