Não podemos deixar de lado o fato de que toda produção artística está intimamente relacionada ao contexto de sua produção e a seu produtor, assim, tendo à mulher sido negada a escrita ao longo dos séculos, pode-se afirmar que o cânone é formado pela visão masculina. Dessa forma, todas as personagens femininas foram, por muito tempo, criadas e difundidas pela ambivalente visão masculina do que é ser-mulher: ou ela é “anjo” ou “monstro”, isto é, ou segue os padrões impostos a ela pela sociedade ou foge deles. Este trabalho questiona se existe hoje liberação das mulheres, enquanto personagens ficcionais, dos estereótipos pertencentes principalmente à ótica masculina, tendo como corpus o romance histórico Videiras de Cristal (1990) de Assis Brasil.