A Comuna de Paris (1871) foi um levante popular-democrático que ocorreu na França pós-revolucionária e que teve como objetivo maior a formatação de uma cidade autogestionária regida pelos trabalhadores parisienses. Em suas ações, os comunardos atacaram primeiramente a força física de repressão do Estado francês, o exército e a polícia. Em seguida, atacaram a força repressora da religião que ditava a moral e a instrução da maioria do povo parisiense e que relegava este contingente a um destino de conformismo perante as condições socioeconômicas em nome dos desígnios de um ser sobrenatural. A força da religião realizava o papel de instrumento de reprodução da sociedade, indispensável às classes dominantes. Compreendendo isso, entre os vários objetivos dos comunardos estava à defesa de uma educação e de uma escola divorciadas dos desejos da Igreja e do Estado. Uma escola laica, acessível a todos, gratuita e embasada nos métodos científicos. Essas eram as características da educação e da escola que auxiliariam a formação de homens conscientes e críticos. No entanto, como veremos no decorrer do artigo, as ações dos comunardos consistiam num reformismo das estruturas estatais, tornando-as qualitativamente melhores, porém ainda Estado. Neste contexto, a escola e a educação não iam para além da exploração do homem pelo homem, mas ficavam limitadas as reformas políticas. Como Marx e Engels já observavam, e que Lenin retomou mais tarde: o que nos interessa não é a reforma do Estado, mas sim sua extinção. Buscamos a emancipação humana.