O presente trabalho compreende um recorte de uma investigação teórica, conforme Henning (2010) e Leite (2008), de natureza hermenêutica, seguindo a compreensão de Demo (2009), realizada no doutorado em educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tendo como objeto de estudo o Construtivismo Radical de Ernst von Glasersfeld. Devido à característica central do construtivismo radical de buscar prescindir de ontologia, interessou-nos investigar as seguintes questões: Como ele se põe fora da tradição? Por que deseja estar fora da tradição epistemológica? Se o que faz não é metafísica, então o que ele faz? Para o âmbito deste trabalho, objetivamos discutir sua ausência de ontologia a fim de desvelar as condições responsáveis por torná-lo uma teoria do conhecimento sem metafísica. A investigação permitiu-nos perceber que o rompimento do construtivismo radical com a tradição dá-se a partir da mudança na interpretação da relação entre conhecimento e realidade, que, consequentemente, provoca uma mudança no conceito de conhecimento e sua relação com a verdade. Isso ocorre mediante a utilização de novos conceitos, caso do conceito de adaptação, oriundo das teorias biológicas, e o de viabilidade, oriundo da cibernética. Ou seja, rompe com a tradição porquanto não querer assumir compromissos ontológicos. Na verdade, o que faz é tentar separar, definitivamente, a epistemologia da ontologia, uma vez que pretende ser apenas uma teoria sobre a atividade de conhecer, cujo interesse está restrito ao domínio cognitivo.