Considerando que o mundo vive em uma “sociedade em rede”, que possibilita processos diversificados de construção de conhecimento por meio de conexões interativas, cooperativas, colaborativas, compartilhadas e dinâmicas, por isso as bibliotecas não podem se prender a simples atividade tradicional de leitura, elas devem estar disponíveis a todos, contribuindo assim para a construção de uma “cidadania digital”. Essa abordagem tem fulcro nas ideias de Feitosa (1998), quando este afirma que a biblioteca pública deve abrir “todos os canais para as camadas populares desencadearem um processo de cidadania”. Nesse ínterim, optamos por investigar a Biblioteca Estadual do Ceará, pois ela tem se destacado por valorizar atividades que visam atender diferentes públicos pertencentes a cidade de Fortaleza, e uma multiplicidade de pessoas que se localizam próximas, ou não, da biblioteca através do YouTube. Portanto, o objetivo desta pesquisa é o de investigar a construção da cidadania digital através das atividades que a BECE desenvolve no Youtube em busca de compreender como os grupos periféricos em Fortaleza são inseridos no processo de construção de uma sociedade inclusiva. O desenvolvimento do texto está pautado em uma pesquisa de cunho qualitativo. A coleta de dados aconteceu por meio da análise dos programas que a biblioteca realiza no Youtube, assim como do monitoramento dos comentários presentes nesses vídeos. Dedicando especial atenção aos conceitos formulados por: Feitosa (2002), Ribble (2012) e Siemens (2006), os resultados apontam que a BECE produz conteúdos que transcendem a literatura como, os programas “Trasver o mundo” e o “Papo Negro” os quais buscam a inclusão de comunidades excluídas nos espaços físicos e virtuais da biblioteca, porém através dos comentários presentes nos vídeos desses projetos, compreende-se que mesmo existindo essa abertura democrática para a diversidade, ainda há uma lacuna latente para que as comunidades mais carentes adentrem esses espaços de construção de conhecimento.