Apesar das mudanças nas concepções de deficiência e inclusão e na ampliação e difusão do conhecimento em relação aos direitos das crianças e adolescentes e das pessoas com deficiência na contemporaneidade, se observam barreiras, muitas vezes veladas, para a efetivação desses direitos na educação, com imposição de critérios restritivos para atendimento de necessidades educacionais, dentre os quais se inclui a exigência de apresentação de um documento médico com categorização patológica. Objetivou-se nesse estudo discutir a interação e utilização da avaliação médica no contexto da educação especial e inclusiva, para a disponibilização de atendimento educacional especializado. Realizou-se pesquisa teórica e bibliográfica e análise documental de normativas relacionadas ao campo da Educação e da Saúde a respeito da interface entre educação especial/inclusiva e avaliação/documentação médica. Verificou-se no estudo que essa avaliação, envolvendo a consolidação de conhecimento médico em um documento (laudo) a ser apresentado para as instituições educacionais no intuito de garantir direitos às crianças e adolescentes com necessidades educacionais específicas, vem sendo utilizada de modo a estabelecer marcas de distinção no contexto educacional, enquadrando, categorizando e isolando em outros espaços e por outros profissionais as pessoas que não se configuram na padronização de normal que tende a ser buscada na escola, supondo uma integração da criança com deficiência na escola. O conhecimento médico utilizado legitima ações realizadas como forma de suprir déficits de qualidade educacional e de mascarar realidades sociais, postergando a tão essencial educação inclusiva como práxis escolar, integralmente instituída e efetivada de modo pleno para todas as pessoas, por se pautar nas diversidades, considerando assim as condições e necessidades de cada educando em interação com o contexto escolar, de modo singular, sistêmico e transdisciplinar, interagindo então o conhecimento médico para a construção de práticas educacionais equitativas e inclusivas para as crianças e adolescentes.