A disseminação, reprodução e primazia de valores eurocêntricos camuflaram a história, cultura e representatividade afro-brasileira. Em decorrência disto, tanto na sociedade como um todo, como também no âmbito escolar, a presentificação de discursos racistas e ações discriminatórias são reflexos das imagens negativas construídas historicamente a respeito do povo negro, baseados na cor da sua pele. Tendo em vista a necessidade de mobilizar discussões que sejam capazes de propiciar a valorização da diversidade étnico-racial, bem como a construção de uma educação antirracista, conforme prevê a Lei 10.639/03, o presente trabalho aborda uma proposta de leitura do conto Força Flutuante, de Geni Guimarães, inserido coletânea Leite de Peito (2001), cuja narrativa é voltada a uma professora negra, alvo de ofensa e olhares hostis, em sua vida diária e em seu ambiente de trabalho, não apenas por parte do corpo familiar, mas também por parte dos alunos, em função da sua cor. Tal proposta de prática leitora fundamenta-se teoricamente - a partir das premissas defendidas por Cosson (2014), em seus estudos sobre Círculos de leitura e letramento literário. Além deste teórico, utilizamos os estudos de autores como Munanga (2005) acerca do processo de (re) construção de saberes, práticas e identidade; as reflexões de Zilberman (2008) sobre a leitura literária na escola e Dalcastagnè (2007), que aborda o papel da literatura de resistência. Espera- se que essa proposta de mediação leitora, promova um espaço convidativo a reflexões sobre alteridade, combate a práticas antirracistas e desconstrução de estereótipos.