Com o objetivo de compreender os fatores que influenciam a identificação de estudantes com altas habilidades/superdotação (AH/SD) na educação básica, realizou-se uma pesquisa quantitativa com base em dados públicos. Utilizando como fontes os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, foram conduzidas análises relacionadas aos estados da região sudeste do Brasil, contemplando os anos de 2012 a 2021, empregando técnicas descritivas e inferenciais utilizando como base um modelo de regressão linear múltipla. Os fatores explorados incluem o investimento em educação, professores sem licenciatura, alunos da rede privada e pública, Índice de Gini e a renda per capita. Os resultados indicam que o investimento em educação, a presença de professores sem licenciatura, o tipo de rede escolar (privada ou pública), o Índice de Gini e a renda per capita influenciam na identificação de alunos com AH/SD. Os resultados encontrados, bem como as hipóteses rejeitadas, contribuem ainda para a desmistificação de deduções baseadas no senso comum de que as altas habilidades/ superdotação estão relacionadas a um ambiente escolar privilegiado. Ainda que a renda exerça notória influência no processo de identificação, o sistema de ensino público ainda abarca a maioria dos estudantes brasileiros, e precisam de ações sólidas para inclusão, identificação e manutenção destes alunos. O estudo aborda um tema pouco explorado na literatura e nas observações quantitativas, não se propondo a eximir as discussões sobre o objeto, mas emoldurar e lançar análises preliminares que podem servir de base para estudos futuros. Para trabalhos sob este viés, recomenda-se a utilização de variáveis relacionadas à estrutura do ambiente escolar, disponibilidade dos professores para atendimento aos alunos AH/SD, uso de avaliações psicométricas entre outras, que podem se tornar relevantes na variação dos coeficientes estimados.