O presente trabalho tem como objetivo explorar comparativamente os critérios envolvidos no processo de seleção de doadores de sêmen entre casais de mulheres lésbicas que procuram pela Inseminação Caseira (IC) e pelos métodos de Reprodução Assistida (RA). Nesse sentido, a fim de realizar o sonho da maternidade, estes casais saem em busca de doadores — cujos gametas possam compor a outra metade do código genético do futuro bebê —, tanto por meio de grupos de Facebook quanto através de catálogos de bancos de sêmen, a depender da forma escolhida para a fecundação. Dentre as possibilidades, estão a concepção medicamente assistida em clínicas, com o uso de espermatozóides oriundos de um banco de sêmen, sendo uma prática de alto custo financeiro; e a concepção pela IC, que se configura como uma prática sem regulamentação jurídica e de maior acessibilidade econômica, na qual a futura mãe não-gestante insemina manualmente, com uso de seringa, o sêmen do doador voluntário no útero da mãe que gestará. Sendo orientados pelo método cartográfico, realizamos entrevistas semiestruturadas tanto com mulheres lésbicas que escolheram a IC quanto com as que optaram por um método de RA. A partir de tais interlocuções, observamos que na IC o principal critério para a seleção do doador se dá a partir da confiança estabelecida com este, incluindo as recomendações virtuais destes por outras mães e a existência de um propósito altruísta para a doação, enquanto na RA a parecença e o desejo por um doador branco e mais claro se destacam.