É preciso abandonar a ideia de que as questões raciais no Brasil são um problema exclusivamente do negro, afinal, o problema está na relação entre negros e brancos (BENTO, 2022). Uma forma de problematizar e tirar esses problemas da individualidade, trazendo-o para o coletivo, é operacionalizar o conceito de branquitude para explicar as tensões raciais existentes em nosso país. Esse conceito, que se relaciona diretamente com a manutenção de privilégios da população branca, nos permite fugir das análises clássicas com foco no negro, e desloca nossas lentes para examinar o branco e seus traços identitários. Adeptos à perspectiva dos Estudos Culturais, guiamos nossas análises nos valendo da proposta metodológica da Análise de Discurso Crítica de modalidade sociolinguística. Por fim, propomos em nossas análises um olhar atento para a imprensa brasileira e seu modus operandi, alinhado à branquitude, ao lidar com pessoas não-brancas. Para isso, nos debruçamos a investigar o caso da professora doutora Joana D’Arc Félix de Sousa, que teve sua imagem explorada pela mídia no ano de 2019, após supostamente relatar uma formação acadêmica que não possuía. Também problematizamos o modo como a ciência foi utilizada pela mídia para balizar as violências raciais (ainda que ‘sutis’) que atravessaram esse caso.