No Brasil, se amplia, nesta quadra histórica, as discussões por atenção em saúde transespecífica às crianças e adolescentes trans/dissidentes de gênero. Nesse debate há uma centralidade nas reivindicações pautando-a enquanto uma demanda de saúde pública. Este artigo, fundamentado em pesquisa bibliográfica e documental, objetiva explorar o contexto atual para tais assistências em saúde em perspectiva materialista e decolonial. O cuidado transespecífico é fruto de deliberações em Conferências Nacionais Livres de Saúde em 2023 versando pelo direito à identidade de gênero de crianças e adolescentes. Em junho do mesmo ano a Associação Nacional Travestis e Transexuais - ANTRA publicou relevante documento denominado “Nota Técnica Sobre o Acesso à Saúde de Crianças Trans”. Verificou-se que ainda assim, o Ministério da Saúde segue sem se posicionar a respeito, negligenciando o público infanto-juvenil, de maneira que são poucos os serviços que atendem essa demanda no Sistema Único de Saúde - SUS. O cenário de ofensiva antitrans, se evidencia nos inúmeros Projetos de Lei, em âmbito Federal, Estadual e Municipal, pretendendo impedir a assistência em saúde à crianças e adolescentes em relação à transição de gênero. A atenção transespecífica infanto-juvenil vem sendo alvo de investigações em Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, a exemplo de CPI instaurada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo – ALESP. O contexto é ainda mais desolador, considerando que adolescentes também tem sido vítima letais, no país em que mais se assassina pessoas trans e travestis do mundo.