Este estudo refere-se ao ataque ocorrido em duas escolas de Aracruz-ES, protagonizado por um adolescente de 16 anos, que assassinou quatro mulheres e feriu doze pessoas, a maioria mulheres. Tal evento levanta questionamentos sobre a misoginia e as relações de gênero envolvidas nos ataques ocorridos em escolas pelo Brasil. Apresentamos aqui a relevância do debate de gênero desde a educação infantil, utilizando-se das ferramentas da Análise Institucional e dos estudos de gênero, pensando no ataque como um analisador dos processos violentos que tem como foco mulheres. Os perpetradores desses atos violentos são predominantemente homens cis. Levantando uma importante reflexão da relação entre armas, violência e masculinidades em uma sociedade que tem-se valorizado o uso de armas, somando-se isso ao discurso de ódio. Não pode-se isentar os homens da responsabilidade e do ganho com a violência que cometem, mas é preciso discutir a respeito do sistema político que produz e incentiva certas características como sinônimo de existência social e valor. Constroem-se principalmente pelos próprios homens, uma pressão social significativa, entendendo que aqueles que não se enquadram nesses padrões são frequentemente vistos como "menos homens". Tal questão aponta para a necessidade de construção de políticas públicas transversais que incidam e atuem na desconstrução da concepção hegemônica de gênero. A compreensão do ser homem não é única e não precisa perpetuar dinâmicas violentas. Deve-se encarar o desafio de discutir a construção do que a sociedade define como "masculino", está imbricada em processos políticos, educacionais e concepções que foram construídas ao longo do tempo.