Qual é a linha que conecta a vivência e a resistência de pesquisadoras negras, trans, indígenas e pessoas com deficiência na educação? Este trabalho apresenta um dos resultados da dissertação “Dissidência, resistência e transgressão no espaço escolar: vozes trans, negras, indígenas e de pessoas com deficiência na encruzilhada epistêmica”, defendida em 2021, com enfoque em apresentar como as autoras dissidentes analisadas pela pesquisa narram sua trajetória de vida e suas vivências em meio as opressões de gênero, raça, classe, sexualidade e capacitismo dentro dos seus trabalhos acadêmicos. Como corpos dissidentes, suas vivências extrapolam o campo individual, denunciando opressões estruturais e violências que atingem uma multiplicidade de corpos de formas distintas, mas que estão sempre conectados por suas dissidências. A interseccionalidade nos permite partir da avenida estruturada pelo racismo, capitalismo, capacitismo e cisheteropatriarcado, em seus múltiplos trânsitos, para perceber a complexidade da matriz de opressão. As experiências de transfobia, racismo e capacitismo experenciado pelas autoras dentro e fora da educação não dizem respeito somente a elas mesmas, mas uma sociedade estruturada que revive e repete esse mesmo preconceito e aplica essa mesma opressão em todos os corpos dissidentes atravessados pela subalternidade das questões de gênero, sexualidade, raça e deficiência. Quando as autoras narram suas trajetórias pessoais dentro dos seus próprios trabalhos elas estão denunciando uma estrutura inteira, principalmente o racismo, o machismo, o capacitismo e a LGBTIfobia que assola a educação.