O reconhecimento da identidade quilombola imortaliza histórias de resistências coletivas e frente às formas de opressão persistentes na contemporaneidade. Desde a colonização e até mancha da escravidão, a hegemonia da classe dominante tem aperfeiçoado o racismo enquanto eixo de dominação que sufoca expressões identitárias. Por isso, o processo de autoreconhecimento enquanto quilombola, torna-se uma jornada árdua, mas libertadora. Este trabalho dialoga com a importância do território para a construção dessas identidades à medida que reconhece os quilombos enquanto espaços de autonomia, direito à terra, preservação cultural e ambiental a partir do que contam nas jornadas em busca do seu pertencimento e na luta pelo direito de re-existir no território do Cumbe. A pesquisa foi desenvolvida através dos frutíferos trabalhos de campo da dissertação do mestrando Wellyson Aguiar, onde houveram práticas embasadas nas metodologias participativas da Pedagogia do Território (Núcleo Tramas da Universidade Federal do Ceará), que buscam criar aproximações entre pesquisadores e as pessoas que vivem o cotidiano Quilombola. Os saberes ancestrais das comunidades quilombolas enriquecem grandemente diferentes áreas do conhecimento, como a geografia, e fortalece uma nova identidade nacional que se distancia cada vez mais da perspectiva do colonizador sobre esses corpos. Pretendeu-se que o presente estudo ganhasse forças, dialogando com as demandas da comunidade e as pretensões possíveis a seguir para conhecimentos orgânicos dos e das comunitárias, pois suas narrativas de vida são essenciais para uma reconstrução do imaginário sobre a população negra cearense e sobretudo enquanto quilombolas no Ceará.