Este trabalho analisa o conto “A gente combinamos de não morrer” da escritora brasileira Conceição Evaristo, presente em sua obra Olhos d’Água (2016), a fim de explorar as representações de necropolítica, racismo e violência contra corpos negros presentes na narrativa. Utilizando uma abordagem interdisciplinar que combina literatura, estudos culturais e teorias críticas da raça, o estudo desvela como Evaristo retrata as vidas dos personagens, destacando as interseções entre raça, classe e gênero. O conto revela a violência estrutural que perpetua o racismo no Brasil, evidenciando como corpos negros são frequentemente tratados como descartáveis e desumanizados, enfrentando diversas formas de violência e opressão em um contexto social marcado pela marginalização. De caráter teórico-bibliográfico e viés qualitativo, a presente produção busca suporte por meio dos estudos de Fanon (1961, 2008), Cuti (2010), Ginzburg (2013), Mbembe (2018), Nascimento (2019) e Hooks (2019). Esta pesquisa busca contribuir para o entendimento da escrita de Conceição Evaristo como uma ferramenta poderosa para a denúncia do racismo e da necropolítica no Brasil, ressaltando a importância de se discutir essas questões na sociedade contemporânea, em virtude de seu caráter urgente e da necessidade de ampliar o debate aqui apresentado, visando compreender as nuances e complexidades do racismo estrutural a nível político, cultural, histórico e social e seus reflexos nas produções literárias negro-brasileiras da atualidade.