Este relato apresenta uma proposta de mediação de leitura literária vivenciada na formação continuada de professores da educação básica do município de Fortaleza-CE no terceiro ano dos anos iniciais. Nesse percurso, as experiências estéticas com a literatura afro-brasileira é como essencial para ampliar a possibilidade de conhecer a História e a Cultura Afro-descendente conforme impulsiona a lei 10.639/2003, na construção de uma educação antirracista. Utilizamos como caminho metodológico os Círculos de Leitura de Cosson, (2015), tendo como cerne os Círculos de Cultura freireano, espaço democrático de partilha subjetiva da experiência humana com a palavra e o conhecimento de mundo. Nosso aparato teórico é sustentado nos estudos de Lajolo (2009), no tocante a compreensão do que é literatura; Duarte (2008) para os estudos sobre o conceito em construção de literatura afro-brasileira; Pettit (2017) quando defende a experiência da literatura como lugar de construção da posição do sujeito, muitas vezes, silenciado por situações de violência e exclusão; Amâncio (2014) que corrobora com seus estudos para fortalecer a exigência da implementação da Lei 10.639/2003 como uma ação afirmativa de valorização da História e da Cultura de matriz africana e resgate da autoestima do corpo discente negro respeitando esses alunos como como sujeitos da História do povo brasileiro. As vivências com este Ateliê nos revelou o quão longe a literatura afro-brasileira está do espaço da sala de aula. A partir dos relatos na formação continuada aponta-se que, muitos professores, não têm conhecimento da lei 10.639/03 vigente há vinte anos, por exemplo. Desse modo, as redes municipais de ensino necessitam institucionalizar o currículo de modo que as ações antirracistas não sejam ações pontuais na escola.