O cerne desta pesquisa é realizar uma reflexão sobre a segregação racial que se manifesta através de mecanismos simbólicos, mais especificamente, do uso de metáforas na construção do conto “A fronteira de asfalto”, que faz parte do livro A cidade e a infância (1960), do escritor português, que se auto considerava angolano, Luandino Vieira. Sendo assim, este artigo parte da seguinte questão: Como se dão as relações de poder, que contribuem para o processo de segregação racial, dentro da narrativa do conto? Nossa hipótese inicial é que elas se estabelecem a partir do enfoque simbólico, ou seja, dos aspectos metafóricos dentro da narrativa. Na análise aqui proposta, percebe-se que o conto descreve a realidade social de segregação vigente no contexto de Angola, no período de pré-independência. O foco da narrativa se dá em torno de dois personagens: Marina, que pertence à classe dominante e colonizadora; e Ricardo, que, por sua vez, pertence à classe dominada pelos colonizadores. Marcas da narrativa, como a relação entre as personagens protagonistas no decorrer do tempo, bem como o processo de transformação do ambiente em que vivem, advindos de uma urbanização crescente, intensificam simbolicamente a compreensão dos elementos segregadores que perpassam pela sociedade angolana colonizada, atribuindo aos sujeitos uma fronteira, um limite, uma barreira social. Para elucidar nossas hipóteses, a fim de embasar nossa análise, realizamos uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, tendo como referenciais teóricos, dentre outros os autores, MOISÉS (1969); GANCHO (2001); BEZERRA (2008) e SEVERO (2017).