A presente pesquisa tem como base o estudo da psicologia a partir da sua abordagem behaviorista. Problematizaremos a forma como essa perspectiva teórico-metodológica pode servir à formação de cidadãos "robotizados" por parte de regimes totalitaristas. Para tanto, partiremos da análise da obra literária “Admirável mundo novo”, de Aldous Huxley, pressupondo que nela encontramos elementos de interpretação do condicionamento comportamental aplicados às expectativas de qualquer regime de opressão das consciências. Na obra, vemos a promoção de estímulos psicossomáticos que vão adestrando os indivíduos a respostas comportamentais específicas, espelhando o modus operandi do behaviorismo e seus usos possíveis. A fim de embasarmos nossa análise, faremos uso das análises propostas por Bock, Furtado e Teixeira (2008) na obra “Psicologias”. Da discussão que propomos depreende-se um relevante horizonte crítico aos dias atuais, especialmente face à emergência de ideários totalitários. Compreender, pois, os mecanismos, usos e efeitos do behaviorismo como base de uma psicologia da educação se revela imprescindível não só no campo da afirmação de sua funcionalidade epistêmico-metodológica, mas também no campo ético-político que perfaz na história das sociedades. De fato, como mostraremos, hábitos podem ser inculcados a indivíduos – e até de populações – a depender do modo como compreendemos a relação entre aprendizagem e psiquismo humano.