A leitura como ferramenta mediadora para a compreensão do mundo é um tema que percorre o debate educativo, uma vez que a capacidade leitora é o que torna em grande parte, possível, o processo de aprendizagem. Nesse sentido, há uma mobilização de setores públicos e da sociedade civil brasileiros em torno da formação de leitores e leitoras, visto que este é, ainda, um desafio colocado para o país. A presença de um número considerável de bibliotecas comunitárias no território nacional e especificamente no estado do Ceará, parecem demonstrar um movimento de busca pela ampliação e democratização da palavra literária e da leitura. No Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Ceará, há o cadastro de, pelo menos, 203 bibliotecas comunitárias. Dessa maneira, torna-se relevante tentar compreender quais fatores mobilizam a criação de tais bibliotecas e quais os significados que esses espaços que podem carregar. Assim, este trabalho pretende articular questões que envolvem a prática da leitura e a criação de espaços como as bibliotecas comunitárias. As pesquisas de Machado (2008) e Cavalcante (2004) apontam que os espaços dessas bibliotecas possuem funções e sentidos que não se encerram no armazenamento e empréstimo de livros, mas que compreendem dimensões culturais, sociais e educacionais. Assim, buscar entendimentos sobre a presença da leitura em um país no qual o discurso disseminado encontra-se no lugar da falta, apresenta-se como possibilidade de compreender os significados simbólicos que estão implicados no ato de ler.