Desde o final do século XIX o cinema foi responsável pela produção de incontestáveis filmes que tomam o passado como inspiração, propiciando aos expectadores uma experiência fascinante do passado. No entanto, um dos aspectos considerados como norteador para área de História é a relação entre a História escrita ou ensinada e a projetada na tela através de um foco de luz artificial. Trata-se do estatuto documental conferido ao cinema pelos pesquisadores, isto é não se trata apenas de discutir as relações mais amplas entre o cinema e História, mas pensar o filme como documento de discussão de uma época, como objeto de cultura que encena o passado. O “Curso de Extensão Cinema e Ensino de História” (PROEX-UEPB) teve como um dos objetivos oferecer aos professores da educação básica oficinas com orientações sobre a metodologia do ensino de história com filmes. Nesta mesma linha, pensamos que o trabalho com filmes na educação básica necessita ser conhecido e problematizado através de pesquisas acadêmicas. Para tanto, propomos uma formação para os estudantes dos cursos de licenciatura na área de Ciências Humanas da UEPB e de outras IES´s. Levando em consideração que o filme aborda a questão das fronteiras culturais, especificamente as diferenças que começam a emergir através do contato com o outro, isto é o homem branco, alguns conceitos que sustentam a discussão (sentimento de pertencimento, territorialidade, estabelecimento de fronteiras, espaço social e espaço cultural), contribuem para discussão coletiva. O principal objetivo a ser trabalhado foi refletir e rever o conceito de cultura a partir de uma leitura das nossas atitudes diante dos costumes e valores que são diferentes dos nossos, representados pelos conflitos vividos pelo povo Mongol no filme “Urga: Urga Uma Paixão No Fim do Mundo” (1991, dir. Nikita Mikhalkov). Para a utilização do filme pelo professor em sala de aula, apontamos um princípio norteador das práticas educativas com fonte fílmica: Um filme pode ser usado como fonte quando o professor direcionar a análise e o debate para os problemas e as questões surgidas com base no argumento, no roteiro, nos personagens, nos valores morais e ideológicos que constituem a narrativa da obra. O importante não é usar o filme como ilustração, mas usar criticamente a narrativa e as representações fílmicas como elementos propulsores de pesquisas e debates temáticos. Neste sentido, o filme nos apresenta argumentos visuais que nos permite perceber a importância dos dilemas humanos expressos através dos valores como: amor, paixão, solidariedade, virtude, mediados pelas relações culturais.