Diante de uma sociedade patriarcal no século XX, a cearense Francisca Clotilde publica, em 1902, a obra “A Divorciada”, romance que retrata uma temática tabu para a época. Com uma narrativa que discute o amor puro, porém ainda envolto aos padrões e convenções da sociedade, apresenta um reflexo social em que as mulheres-meninas se casavam muito cedo e já nasciam com destinos pré-estabelecidos. O romance discute questões sobre os papeis das mulheres e sua emancipação em uma sociedade hereto-elitista-patriarcal-machista, uma vez que o casamento era incindível e a lei do divórcio só foi estabelecida em 28 de junho de 1977. O presente trabalho visa discutir uma emancipação feminina que não costumava ser tão retratada, a emancipação cautelosa, quase como uma tentativa de “sobreviver” em um sistema machista. Como referencial teórico, destacamos nomes como Beauvoir (1949a; 1949b), Davis (1981), Colares (1977), Nochlin (1971), entre outros. Percebe-se que a obra, mesmo discutindo temáticas relevantes para os sujeitos em construção, ainda é invisibilizada tanto nas escolas de educação básica como em pleno meio acadêmico; portanto, faz-se necessário o estudo de tal obra literária, bem como de seu contexto histórico, dentro de nossas salas de aulas, no intuito de dar visibilidade às contribuições das escritoras pioneiras cearenses.