Artigo Anais VII ENALIC

ANAIS de Evento

ISSN: 2526-3234

PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE

"2018-12-03 23:00:00" // app/Providers/../Base/Publico/Artigo/resources/show_includes/info_artigo.blade.php
App\Base\Administrativo\Model\Artigo {#1843 // app/Providers/../Base/Publico/Artigo/resources/show_includes/info_artigo.blade.php
  #connection: "mysql"
  +table: "artigo"
  #primaryKey: "id"
  #keyType: "int"
  +incrementing: true
  #with: []
  #withCount: []
  +preventsLazyLoading: false
  #perPage: 15
  +exists: true
  +wasRecentlyCreated: false
  #escapeWhenCastingToString: false
  #attributes: array:35 [
    "id" => 51591
    "edicao_id" => 104
    "trabalho_id" => 791
    "inscrito_id" => 54310
    "titulo" => "PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE"
    "resumo" => "PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE Leidiane Priscilla de Paiva Batista/ leidianepriscilla@gmail.com/ Universidade Estácio de Sá Edson Oliveira de Paula/ Universidade Estácio de Sá Tharcia Priscilla de Paiva Batista Matos/ Universidade Estadual do Ceará Eixo Temático: Políticas educacionais, Avaliação e Currículo Resumo Cada indivíduo percebe, sente e interioriza de maneira única a natureza e os recursos nela disponíveis, e distintas são as formas de cada grupo se relacionar com o meio (OLIVEIRA & CORONA, 2008), variando de acordo com o conjunto de conceitos, valores e práticas que orientam o cotidiano comunitário. As percepções ambientais de uma comunidade compõem a forma como ela vê e compreende o meio ambiente que habita. Nesses termos, pensar em educação ambiental contextualizada (CAVALCANTI, 2002) e em gestão de recursos naturais em nossos dias implica na necessidade de considerar os conhecimentos e a opinião daqueles que os usufruem e estabelecem práticas que contribuem de maneira direta para sua conservação ou seu esgotamento. Este estudo objetivou descrever as percepções ambientais dos índios Jenipapo-Kanindé com relação a Lagoa da Encantada, ecossistema importante para a cultura, o modo de vida e a história dessa comunidade. Este grupo indígena situa-se no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará. Após três séculos habitando essa localidade, somente em fevereiro de 2011, este povo teve sua terra demarcada e reconhecida pelo Governo Federal. A partir de três visitas a localidade, foram entrevistados dezoito moradores entre os mais antigos da comunidade, tendo como pressuposto de que estes conhecem melhor a história e a ecologia do ecossistema local. A idade dos entrevistados variou entre 59 e 86 anos. Outros critérios utilizados para a escolha dos entrevistados foram: ser natural do local e ser habitante antigo do mesmo. A seleção dos entrevistados foi através do método "Bola de Neve" (BAILEY, 1987), que consiste em solicitar, que os participantes indiquem outros possíveis participantes de acordo com os critérios estabelecidos pelo entrevistador. As entrevistas foram parcialmente estruturadas, ou seja, constituída de tópicos fixos e outros redefinidos ao longo da mesma, com o intuito de canalizar o diálogo para o objeto pesquisado (VIERTLER, 2002). Assim, os entrevistados foram convidados a falar sobre a lagoa da Encantada, sua importância para a comunidade e as transformações sofridas ao longo dos anos. Os Jenipapo-Kanindé, descendentes dos índios Paiakú, são originários de uma população indígena que se refugiou às margens da lagoa da Encantada no município de Aquiraz. A maior parte da população é agricultora. Alguns também realizam pesca, caça e extrativismo vegetal, enquanto outros possuem atividades remuneradas no centro urbano de Aquiraz ou em outros municípios vizinhos. Na realização das atividades de subsistência, esta população apresenta intrínseca relação com os ciclos da natureza. Entre os itens agrícolas cultivados pelos moradores estão o feijão, a mandioca, a batata, o jerimum, o milho, o maxixe e a cana-de-açúcar. Na pesca, os principais instrumentos usados são a rede de espera, o anzol e a tarrafa. A caça não é tão influente para a subsistência local. Por sua vez, entre as atividades de extrativismo vegetal, foi citada a coleta de frutas para alimentação, a coleta de folhas, raízes e casca para uso medicinal, e a retirada de madeira para uso como lenha ou na construção de cercas e de casas. Estas atividades de subsistência, assim como outras atividades cotidianas da comunidade são orientadas a partir da Lagoa da Encantada. As crianças brincam nas suas águas e aprendem na escola sobre a história e importância da lagoa. É este ambiente que lhes fornece o peixe e mantém ao seu redor as melhores áreas para o plantio. É na mata do seu entorno que os índios colhem frutos, extraem madeira e encontram plantas medicinais para tratar enfermidades, visto que a cerca de vinte anos era difícil o acesso dos Jenipapo-Kanindé a medicamentos farmacêuticos, assim como a atendimento médico. Entretanto, a lagoa da Encantada está perdendo os seus encantos. Os índios percebem profundas diferenças entre o antes e o agora da lagoa. Antes, eles referiram-se às águas como cristalinas. Agora, lamentam a sua degradação. O ontem da lagoa da Encantada está integrado ao hoje, em um diálogo repleto de lamento e saudosismo de uma época que, provavelmente, esses moradores não voltarão a ver. Na percepção destes índios, a lagoa teve a sua utilidade modificada. Antes era possível beber a sua água cristalina, mas agora a água escura serve apenas para lavagem de roupas e irrigação das plantações. Diante das transformações ocorridas, a comunidade passou a considerá-la um problema. Ainda assim, crianças brincam neste ambiente e pescadores retiram o sustento de suas águas. Quando questionados sobre o motivo das transformações deste ecossistema, alguns não souberam, enquanto outros afirmaram que a quantidade de peixes diminuiu devido ao aumento da população e da pesca na comunidade. Ao seu tempo, outros entrevistados apontaram uma empresa produtora de aguardente como a causa, acusando-a também pela diminuição da fauna ictiológica, uma vez que, segundo eles, esta empresa degrada a lagoa há mais de 20 anos. Em trechos da entrevista, observou-se que, na percepção dos moradores, a água da lagoa antes era cristalina, sendo possível até mesmo ver uma moeda submersa. Não obstante, este ambiente agora é turvo, havendo mortandade de peixes. No geral, os Jenipapo-Kanindé, até mesmo os que não souberam a causa dessas transformações, consideram atualmente a lagoa um corpo d'água inacessível ao abastecimento de sua população, pois antes era possível tomar sua água e não adoecer, o que não mais ocorre. O uso deste ecossistema como área de lazer também é restrito "fica ruim da gente tomar banho porque dá coceira". Esta noção do risco advém de uma relação de conflito estabelecida entre o ser humano e ambiente, visto que esta relação influencia a ambos (SOUZA & ZANELLA, 2009). Desta forma, a população passou a restringir os diversos usos da lagoa e suas águas à medida que se percebeu exposta ao risco ambiental oriundos de um ecossistema contaminado. Com isso, conclui-se que as transformações sofridas ao longo dos anos pela lagoa da Encantada são percebidas pelos índios Jenipapo-Kanindé através das modificações sentidas em seu modo de vida. Dessa forma, a maneira como esta comunidade percebe o ambiente, além de revelar importantes aspectos sobre a relações entre os índios Jenipapo-Kanindé e a natureza que os circundam, são expressões de suas angustias ante a degradação de um corpo hídrico que se tornou inseparável da história e existência destes índios. Palavras-chave: Comunidade tradicional, população indígena, cultura indígena. Referências BAILEY, K. D. Methods of Social Research. 3. ed. Londo: Free Press, 1987. CAVALCANTI, L. Geografia e práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. OLIVEIRA, K. A. & CORONA, H. M. P. A percepção ambiental como ferramenta de propostas educativas e de políticas ambientais. Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista. Tupã: ANAP, jul. 2008. SOUZA, L. B. & ZANELLA, M. E. Percepção de Riscos Ambientais: teorias e aplicações. Fortaleza: Edições UFC, 2009. VIERTLER, R. B. Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em etnobiologia e etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P. Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: SBEE, p. 11-29, 2002."
    "modalidade" => null
    "area_tematica" => null
    "palavra_chave" => null
    "idioma" => null
    "arquivo" => "443-54310-25112018-200259.pdf"
    "created_at" => "2020-05-28 15:53:41"
    "updated_at" => "2020-08-11 17:16:03"
    "ativo" => 1
    "autor_nome" => "LEIDIANE PRISCILLA DE PAIVA BATISTA"
    "autor_nome_curto" => "LEIDIANE"
    "autor_email" => null
    "autor_ies" => null
    "autor_imagem" => null
    "edicao_url" => "anais-vii-enalic"
    "edicao_nome" => "Anais VII ENALIC"
    "edicao_evento" => "VII Encontro Nacional das Licenciaturas"
    "edicao_ano" => 2018
    "edicao_pasta" => "anais/enalic/2018"
    "edicao_logo" => "5e49f810852b5_16022020231856.png"
    "edicao_capa" => "5e49f81084a9f_16022020231856.jpg"
    "data_publicacao" => null
    "edicao_publicada_em" => "2018-12-03 23:00:00"
    "publicacao_id" => 57
    "publicacao_nome" => "Revista ENALIC"
    "publicacao_codigo" => "2526-3234"
    "tipo_codigo_id" => 1
    "tipo_codigo_nome" => "ISSN"
    "tipo_publicacao_id" => 1
    "tipo_publicacao_nome" => "ANAIS de Evento"
  ]
  #original: array:35 [
    "id" => 51591
    "edicao_id" => 104
    "trabalho_id" => 791
    "inscrito_id" => 54310
    "titulo" => "PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE"
    "resumo" => "PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE Leidiane Priscilla de Paiva Batista/ leidianepriscilla@gmail.com/ Universidade Estácio de Sá Edson Oliveira de Paula/ Universidade Estácio de Sá Tharcia Priscilla de Paiva Batista Matos/ Universidade Estadual do Ceará Eixo Temático: Políticas educacionais, Avaliação e Currículo Resumo Cada indivíduo percebe, sente e interioriza de maneira única a natureza e os recursos nela disponíveis, e distintas são as formas de cada grupo se relacionar com o meio (OLIVEIRA & CORONA, 2008), variando de acordo com o conjunto de conceitos, valores e práticas que orientam o cotidiano comunitário. As percepções ambientais de uma comunidade compõem a forma como ela vê e compreende o meio ambiente que habita. Nesses termos, pensar em educação ambiental contextualizada (CAVALCANTI, 2002) e em gestão de recursos naturais em nossos dias implica na necessidade de considerar os conhecimentos e a opinião daqueles que os usufruem e estabelecem práticas que contribuem de maneira direta para sua conservação ou seu esgotamento. Este estudo objetivou descrever as percepções ambientais dos índios Jenipapo-Kanindé com relação a Lagoa da Encantada, ecossistema importante para a cultura, o modo de vida e a história dessa comunidade. Este grupo indígena situa-se no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará. Após três séculos habitando essa localidade, somente em fevereiro de 2011, este povo teve sua terra demarcada e reconhecida pelo Governo Federal. A partir de três visitas a localidade, foram entrevistados dezoito moradores entre os mais antigos da comunidade, tendo como pressuposto de que estes conhecem melhor a história e a ecologia do ecossistema local. A idade dos entrevistados variou entre 59 e 86 anos. Outros critérios utilizados para a escolha dos entrevistados foram: ser natural do local e ser habitante antigo do mesmo. A seleção dos entrevistados foi através do método "Bola de Neve" (BAILEY, 1987), que consiste em solicitar, que os participantes indiquem outros possíveis participantes de acordo com os critérios estabelecidos pelo entrevistador. As entrevistas foram parcialmente estruturadas, ou seja, constituída de tópicos fixos e outros redefinidos ao longo da mesma, com o intuito de canalizar o diálogo para o objeto pesquisado (VIERTLER, 2002). Assim, os entrevistados foram convidados a falar sobre a lagoa da Encantada, sua importância para a comunidade e as transformações sofridas ao longo dos anos. Os Jenipapo-Kanindé, descendentes dos índios Paiakú, são originários de uma população indígena que se refugiou às margens da lagoa da Encantada no município de Aquiraz. A maior parte da população é agricultora. Alguns também realizam pesca, caça e extrativismo vegetal, enquanto outros possuem atividades remuneradas no centro urbano de Aquiraz ou em outros municípios vizinhos. Na realização das atividades de subsistência, esta população apresenta intrínseca relação com os ciclos da natureza. Entre os itens agrícolas cultivados pelos moradores estão o feijão, a mandioca, a batata, o jerimum, o milho, o maxixe e a cana-de-açúcar. Na pesca, os principais instrumentos usados são a rede de espera, o anzol e a tarrafa. A caça não é tão influente para a subsistência local. Por sua vez, entre as atividades de extrativismo vegetal, foi citada a coleta de frutas para alimentação, a coleta de folhas, raízes e casca para uso medicinal, e a retirada de madeira para uso como lenha ou na construção de cercas e de casas. Estas atividades de subsistência, assim como outras atividades cotidianas da comunidade são orientadas a partir da Lagoa da Encantada. As crianças brincam nas suas águas e aprendem na escola sobre a história e importância da lagoa. É este ambiente que lhes fornece o peixe e mantém ao seu redor as melhores áreas para o plantio. É na mata do seu entorno que os índios colhem frutos, extraem madeira e encontram plantas medicinais para tratar enfermidades, visto que a cerca de vinte anos era difícil o acesso dos Jenipapo-Kanindé a medicamentos farmacêuticos, assim como a atendimento médico. Entretanto, a lagoa da Encantada está perdendo os seus encantos. Os índios percebem profundas diferenças entre o antes e o agora da lagoa. Antes, eles referiram-se às águas como cristalinas. Agora, lamentam a sua degradação. O ontem da lagoa da Encantada está integrado ao hoje, em um diálogo repleto de lamento e saudosismo de uma época que, provavelmente, esses moradores não voltarão a ver. Na percepção destes índios, a lagoa teve a sua utilidade modificada. Antes era possível beber a sua água cristalina, mas agora a água escura serve apenas para lavagem de roupas e irrigação das plantações. Diante das transformações ocorridas, a comunidade passou a considerá-la um problema. Ainda assim, crianças brincam neste ambiente e pescadores retiram o sustento de suas águas. Quando questionados sobre o motivo das transformações deste ecossistema, alguns não souberam, enquanto outros afirmaram que a quantidade de peixes diminuiu devido ao aumento da população e da pesca na comunidade. Ao seu tempo, outros entrevistados apontaram uma empresa produtora de aguardente como a causa, acusando-a também pela diminuição da fauna ictiológica, uma vez que, segundo eles, esta empresa degrada a lagoa há mais de 20 anos. Em trechos da entrevista, observou-se que, na percepção dos moradores, a água da lagoa antes era cristalina, sendo possível até mesmo ver uma moeda submersa. Não obstante, este ambiente agora é turvo, havendo mortandade de peixes. No geral, os Jenipapo-Kanindé, até mesmo os que não souberam a causa dessas transformações, consideram atualmente a lagoa um corpo d'água inacessível ao abastecimento de sua população, pois antes era possível tomar sua água e não adoecer, o que não mais ocorre. O uso deste ecossistema como área de lazer também é restrito "fica ruim da gente tomar banho porque dá coceira". Esta noção do risco advém de uma relação de conflito estabelecida entre o ser humano e ambiente, visto que esta relação influencia a ambos (SOUZA & ZANELLA, 2009). Desta forma, a população passou a restringir os diversos usos da lagoa e suas águas à medida que se percebeu exposta ao risco ambiental oriundos de um ecossistema contaminado. Com isso, conclui-se que as transformações sofridas ao longo dos anos pela lagoa da Encantada são percebidas pelos índios Jenipapo-Kanindé através das modificações sentidas em seu modo de vida. Dessa forma, a maneira como esta comunidade percebe o ambiente, além de revelar importantes aspectos sobre a relações entre os índios Jenipapo-Kanindé e a natureza que os circundam, são expressões de suas angustias ante a degradação de um corpo hídrico que se tornou inseparável da história e existência destes índios. Palavras-chave: Comunidade tradicional, população indígena, cultura indígena. Referências BAILEY, K. D. Methods of Social Research. 3. ed. Londo: Free Press, 1987. CAVALCANTI, L. Geografia e práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. OLIVEIRA, K. A. & CORONA, H. M. P. A percepção ambiental como ferramenta de propostas educativas e de políticas ambientais. Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista. Tupã: ANAP, jul. 2008. SOUZA, L. B. & ZANELLA, M. E. Percepção de Riscos Ambientais: teorias e aplicações. Fortaleza: Edições UFC, 2009. VIERTLER, R. B. Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em etnobiologia e etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P. Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: SBEE, p. 11-29, 2002."
    "modalidade" => null
    "area_tematica" => null
    "palavra_chave" => null
    "idioma" => null
    "arquivo" => "443-54310-25112018-200259.pdf"
    "created_at" => "2020-05-28 15:53:41"
    "updated_at" => "2020-08-11 17:16:03"
    "ativo" => 1
    "autor_nome" => "LEIDIANE PRISCILLA DE PAIVA BATISTA"
    "autor_nome_curto" => "LEIDIANE"
    "autor_email" => null
    "autor_ies" => null
    "autor_imagem" => null
    "edicao_url" => "anais-vii-enalic"
    "edicao_nome" => "Anais VII ENALIC"
    "edicao_evento" => "VII Encontro Nacional das Licenciaturas"
    "edicao_ano" => 2018
    "edicao_pasta" => "anais/enalic/2018"
    "edicao_logo" => "5e49f810852b5_16022020231856.png"
    "edicao_capa" => "5e49f81084a9f_16022020231856.jpg"
    "data_publicacao" => null
    "edicao_publicada_em" => "2018-12-03 23:00:00"
    "publicacao_id" => 57
    "publicacao_nome" => "Revista ENALIC"
    "publicacao_codigo" => "2526-3234"
    "tipo_codigo_id" => 1
    "tipo_codigo_nome" => "ISSN"
    "tipo_publicacao_id" => 1
    "tipo_publicacao_nome" => "ANAIS de Evento"
  ]
  #changes: []
  #casts: array:14 [
    "id" => "integer"
    "edicao_id" => "integer"
    "trabalho_id" => "integer"
    "inscrito_id" => "integer"
    "titulo" => "string"
    "resumo" => "string"
    "modalidade" => "string"
    "area_tematica" => "string"
    "palavra_chave" => "string"
    "idioma" => "string"
    "arquivo" => "string"
    "created_at" => "datetime"
    "updated_at" => "datetime"
    "ativo" => "boolean"
  ]
  #classCastCache: []
  #attributeCastCache: []
  #dates: []
  #dateFormat: null
  #appends: []
  #dispatchesEvents: []
  #observables: []
  #relations: []
  #touches: []
  +timestamps: false
  #hidden: []
  #visible: []
  +fillable: array:13 [
    0 => "edicao_id"
    1 => "trabalho_id"
    2 => "inscrito_id"
    3 => "titulo"
    4 => "resumo"
    5 => "modalidade"
    6 => "area_tematica"
    7 => "palavra_chave"
    8 => "idioma"
    9 => "arquivo"
    10 => "created_at"
    11 => "updated_at"
    12 => "ativo"
  ]
  #guarded: array:1 [
    0 => "*"
  ]
}
Publicado em 03 de dezembro de 2018

Resumo

PERCEPÇÕES AMBIENTAIS DOS ÍNDIOS JENIPAPO-KANINDÉ SOBRE A LAGOA COSTEIRA DA ENCANTADA, AQUIRAZ-CE Leidiane Priscilla de Paiva Batista/ leidianepriscilla@gmail.com/ Universidade Estácio de Sá Edson Oliveira de Paula/ Universidade Estácio de Sá Tharcia Priscilla de Paiva Batista Matos/ Universidade Estadual do Ceará Eixo Temático: Políticas educacionais, Avaliação e Currículo Resumo Cada indivíduo percebe, sente e interioriza de maneira única a natureza e os recursos nela disponíveis, e distintas são as formas de cada grupo se relacionar com o meio (OLIVEIRA & CORONA, 2008), variando de acordo com o conjunto de conceitos, valores e práticas que orientam o cotidiano comunitário. As percepções ambientais de uma comunidade compõem a forma como ela vê e compreende o meio ambiente que habita. Nesses termos, pensar em educação ambiental contextualizada (CAVALCANTI, 2002) e em gestão de recursos naturais em nossos dias implica na necessidade de considerar os conhecimentos e a opinião daqueles que os usufruem e estabelecem práticas que contribuem de maneira direta para sua conservação ou seu esgotamento. Este estudo objetivou descrever as percepções ambientais dos índios Jenipapo-Kanindé com relação a Lagoa da Encantada, ecossistema importante para a cultura, o modo de vida e a história dessa comunidade. Este grupo indígena situa-se no município de Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza, Ceará. Após três séculos habitando essa localidade, somente em fevereiro de 2011, este povo teve sua terra demarcada e reconhecida pelo Governo Federal. A partir de três visitas a localidade, foram entrevistados dezoito moradores entre os mais antigos da comunidade, tendo como pressuposto de que estes conhecem melhor a história e a ecologia do ecossistema local. A idade dos entrevistados variou entre 59 e 86 anos. Outros critérios utilizados para a escolha dos entrevistados foram: ser natural do local e ser habitante antigo do mesmo. A seleção dos entrevistados foi através do método "Bola de Neve" (BAILEY, 1987), que consiste em solicitar, que os participantes indiquem outros possíveis participantes de acordo com os critérios estabelecidos pelo entrevistador. As entrevistas foram parcialmente estruturadas, ou seja, constituída de tópicos fixos e outros redefinidos ao longo da mesma, com o intuito de canalizar o diálogo para o objeto pesquisado (VIERTLER, 2002). Assim, os entrevistados foram convidados a falar sobre a lagoa da Encantada, sua importância para a comunidade e as transformações sofridas ao longo dos anos. Os Jenipapo-Kanindé, descendentes dos índios Paiakú, são originários de uma população indígena que se refugiou às margens da lagoa da Encantada no município de Aquiraz. A maior parte da população é agricultora. Alguns também realizam pesca, caça e extrativismo vegetal, enquanto outros possuem atividades remuneradas no centro urbano de Aquiraz ou em outros municípios vizinhos. Na realização das atividades de subsistência, esta população apresenta intrínseca relação com os ciclos da natureza. Entre os itens agrícolas cultivados pelos moradores estão o feijão, a mandioca, a batata, o jerimum, o milho, o maxixe e a cana-de-açúcar. Na pesca, os principais instrumentos usados são a rede de espera, o anzol e a tarrafa. A caça não é tão influente para a subsistência local. Por sua vez, entre as atividades de extrativismo vegetal, foi citada a coleta de frutas para alimentação, a coleta de folhas, raízes e casca para uso medicinal, e a retirada de madeira para uso como lenha ou na construção de cercas e de casas. Estas atividades de subsistência, assim como outras atividades cotidianas da comunidade são orientadas a partir da Lagoa da Encantada. As crianças brincam nas suas águas e aprendem na escola sobre a história e importância da lagoa. É este ambiente que lhes fornece o peixe e mantém ao seu redor as melhores áreas para o plantio. É na mata do seu entorno que os índios colhem frutos, extraem madeira e encontram plantas medicinais para tratar enfermidades, visto que a cerca de vinte anos era difícil o acesso dos Jenipapo-Kanindé a medicamentos farmacêuticos, assim como a atendimento médico. Entretanto, a lagoa da Encantada está perdendo os seus encantos. Os índios percebem profundas diferenças entre o antes e o agora da lagoa. Antes, eles referiram-se às águas como cristalinas. Agora, lamentam a sua degradação. O ontem da lagoa da Encantada está integrado ao hoje, em um diálogo repleto de lamento e saudosismo de uma época que, provavelmente, esses moradores não voltarão a ver. Na percepção destes índios, a lagoa teve a sua utilidade modificada. Antes era possível beber a sua água cristalina, mas agora a água escura serve apenas para lavagem de roupas e irrigação das plantações. Diante das transformações ocorridas, a comunidade passou a considerá-la um problema. Ainda assim, crianças brincam neste ambiente e pescadores retiram o sustento de suas águas. Quando questionados sobre o motivo das transformações deste ecossistema, alguns não souberam, enquanto outros afirmaram que a quantidade de peixes diminuiu devido ao aumento da população e da pesca na comunidade. Ao seu tempo, outros entrevistados apontaram uma empresa produtora de aguardente como a causa, acusando-a também pela diminuição da fauna ictiológica, uma vez que, segundo eles, esta empresa degrada a lagoa há mais de 20 anos. Em trechos da entrevista, observou-se que, na percepção dos moradores, a água da lagoa antes era cristalina, sendo possível até mesmo ver uma moeda submersa. Não obstante, este ambiente agora é turvo, havendo mortandade de peixes. No geral, os Jenipapo-Kanindé, até mesmo os que não souberam a causa dessas transformações, consideram atualmente a lagoa um corpo d'água inacessível ao abastecimento de sua população, pois antes era possível tomar sua água e não adoecer, o que não mais ocorre. O uso deste ecossistema como área de lazer também é restrito "fica ruim da gente tomar banho porque dá coceira". Esta noção do risco advém de uma relação de conflito estabelecida entre o ser humano e ambiente, visto que esta relação influencia a ambos (SOUZA & ZANELLA, 2009). Desta forma, a população passou a restringir os diversos usos da lagoa e suas águas à medida que se percebeu exposta ao risco ambiental oriundos de um ecossistema contaminado. Com isso, conclui-se que as transformações sofridas ao longo dos anos pela lagoa da Encantada são percebidas pelos índios Jenipapo-Kanindé através das modificações sentidas em seu modo de vida. Dessa forma, a maneira como esta comunidade percebe o ambiente, além de revelar importantes aspectos sobre a relações entre os índios Jenipapo-Kanindé e a natureza que os circundam, são expressões de suas angustias ante a degradação de um corpo hídrico que se tornou inseparável da história e existência destes índios. Palavras-chave: Comunidade tradicional, população indígena, cultura indígena. Referências BAILEY, K. D. Methods of Social Research. 3. ed. Londo: Free Press, 1987. CAVALCANTI, L. Geografia e práticas de Ensino. Goiânia: Alternativa, 2002. OLIVEIRA, K. A. & CORONA, H. M. P. A percepção ambiental como ferramenta de propostas educativas e de políticas ambientais. Anais do IV Fórum Ambiental da Alta Paulista. Tupã: ANAP, jul. 2008. SOUZA, L. B. & ZANELLA, M. E. Percepção de Riscos Ambientais: teorias e aplicações. Fortaleza: Edições UFC, 2009. VIERTLER, R. B. Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em etnobiologia e etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P. Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: SBEE, p. 11-29, 2002.

Compartilhe:

Visualização do Artigo


Deixe um comentário

Precisamos validar o formulário.