Falar de Currículos e Didáticas sempre nos remete ao espaço-tempo escolar. Se é verdade que nas escolas se vive um movimento de massificação de informações, reafirmando a reprodução de modelos, em sua maioria caracterizados pela dita “grande mídia”, pelas meta-narrativas que invisibilizam experiências singulares e culturas locais, também é verdade que o cotidiano escolar, como espaço/tempo complexo, é lugar de produção, de criação, de indagação e de rebeldia. Se a escola, hoje, ainda sofre e padece sob os efeitos do conservadorismo, da política da mesmidade, do desejo de uniformidade e da produção de homogeneidades, se ela ainda caminha, de modo hegemônico, no sentido de apresentar respostas, solucionar problemas, equacionar a “incivilidade” do outro, do diferente, do diverso, ela também é o lugar onde a diferença pode ser desconstruída como desvio e legitimada como constitutiva das relações de alteridade. A escola também é um espaço praticado onde as homogeneidades são desfeitas, onde a esperança floresce como fruto possível de um mundo outro. Se por um lado o cotidiano escolar tem sido marcado por esse tempo de automatismo, aceleração e controle social, por outro, esse mesmo cotidiano apresenta caminhos a serem trilhados, convites a pensar nossas relações com o mundo e no mundo. Os trabalhos apresentados no X CONEDU foram sem sombra de dúvidas de alto nível quanto interligam currículos, didáticas e escolas. O que me parece ser o centro das nossas preocupações teóricas e epistemológicas são as questões que envolvem esse “trio” pedagógico brasileiro. Que reconfigurações o currículo vem sofrendo? Como compreendê-lo no interior de jogos sem saber-poder que a constituem de modos díspares? De que maneira olhar para as múltiplas didáticas presentes no chão da escola que lhe acometem? A pandemia de Covid-19 mudou nosso pensamento sobre os currículos e as didáticas? Quais os impactos dos novos dispositivos tecnológicos nessa instituição? O que as macropolíticas têm para dizer no tocante aos currículos? O que os novos sujeitos da pedagogia estão pensando sobre ela? Como os movimentos culturais e sociais estão percebendo a escola? O que nós, pesquisadores(as) em educação e professores(as), como herdeiros dessa instituição, temos a dizer? Posso dizer, que os trabalhos apresentados no x CONEDU responderam de alguma forma essas questões e abriram novas questões. Os textos produzidos a partir do campo da pesquisa em educação têm sido em torno do campo das pesquisas dos currículos e das didáticas para interrogar os modos neoconservadores e apolitícos. Assim, não falamos somente em currículos e didáticas escolares, mas das diferentes cotidianidades, com suas pluralidades de praticantespensantes, que criam outros processos políticos na didática educacional, nos currículos praticados, no planejamento e financiamento da educação e das ações governamentais de enfrentamentos às desigualdades mediadas pelas escolas. Consideramos que estudar as didáticas e os currículos em seus processos de implementação nos cotidianos nos parece fundamental para pensarmos naquilo que se produz com os usos dos sujeitos. Por fim, desejo uma boa leitura para todos.