Artigo CONEDU - Didática e currículo (Vol.3)

E-books

ISBN: 978-65-5222-026-4

A INFLUÊNCIA DO PROCESSO SELETIVO MISTO NO PLANEJAMENTO DAS AULAS DE QUÍMICA EM UMA ESCOLA DE ÂMBITO FEDERAL DE JUIZ DE FORA

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          Quantos somos? Para al&eacute;m de n&uacute;meros, nos constitu&iacute;mos como um somat&oacute;rio de viv&ecirc;ncias e experi&ecirc;ncias que comp&otilde;em os diferentes espa&ccedil;os sociais e, especificamente, educacionais. Ao pensar o Brasil, como um pa&iacute;s de contrastes, que apresenta in&uacute;meras singularidades pertinentes &agrave; sua cultura e, mais propriamente, &agrave;s suas escolas, aos seus alunos e professores compreendemos o quanto somamos. Ainda que essas reflex&otilde;es sejam apresentadas em um sem-n&uacute;mero de debates, referenciais, pol&iacute;ticas p&uacute;blicas, pesquisas e publica&ccedil;&otilde;es s&atilde;o crescentes e recorrentes os casos, de todas as formas de viol&ecirc;ncia, discrimina&ccedil;&atilde;o, preconceito, exclus&atilde;o, adoecimento e tantas outras condi&ccedil;&otilde;es invisibilizam os sujeitos diante dos seus direitos. Neste contexto, tamb&eacute;m nos inserimos para pensar a forma&ccedil;&atilde;o de professores a partir da cultura brasileira forjada em seu processo hist&oacute;rico de sociedade. O ser professor se inclui como sujeito social e profissional com potencial de mudan&ccedil;a de muitas hist&oacute;rias de vida.<br />\r\n
          O CONEDU 2024, em sua d&eacute;cima edi&ccedil;&atilde;o, nos provoca a pensar a educa&ccedil;&atilde;o com o seu papel transformador e potencializadora de uma sociedade mais inclusiva, humanit&aacute;ria e pensada na diferen&ccedil;a pela diferen&ccedil;a. A diversidade nos completa.
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                  Falar de Curr&iacute;culos e Did&aacute;ticas sempre nos remete ao espa&ccedil;o-tempo escolar. Se &eacute; verdade que nas escolas se vive um movimento de massifica&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&otilde;es, reafirmando a reprodu&ccedil;&atilde;o de modelos, em sua maioria caracterizados pela dita &ldquo;grande m&iacute;dia&rdquo;, pelas meta-narrativas que invisibilizam experi&ecirc;ncias singulares e culturas locais, tamb&eacute;m &eacute; verdade que o cotidiano escolar, como espa&ccedil;o/tempo complexo, &eacute; lugar de produ&ccedil;&atilde;o, de cria&ccedil;&atilde;o, de indaga&ccedil;&atilde;o e de rebeldia. Se a escola, hoje, ainda sofre e padece sob os efeitos do conservadorismo, da pol&iacute;tica da mesmidade, do desejo de uniformidade e da produ&ccedil;&atilde;o de homogeneidades, se ela ainda caminha, de modo hegem&ocirc;nico, no sentido de apresentar respostas, solucionar problemas, equacionar a &ldquo;incivilidade&rdquo; do outro, do diferente, do diverso, ela tamb&eacute;m &eacute; o lugar onde a diferen&ccedil;a pode ser desconstru&iacute;da como desvio e legitimada como constitutiva das rela&ccedil;&otilde;es de alteridade. A escola tamb&eacute;m &eacute; um espa&ccedil;o praticado onde as homogeneidades s&atilde;o desfeitas, onde a esperan&ccedil;a floresce como fruto poss&iacute;vel de um mundo outro. Se por um lado o cotidiano escolar tem sido marcado por esse tempo de automatismo, acelera&ccedil;&atilde;o e controle social, por outro, esse mesmo cotidiano apresenta caminhos a serem trilhados, convites a pensar nossas rela&ccedil;&otilde;es com o mundo e no mundo. Os trabalhos apresentados no X CONEDU foram sem sombra de d&uacute;vidas de alto n&iacute;vel quanto interligam curr&iacute;culos, did&aacute;ticas e escolas. O que me parece ser o centro das nossas preocupa&ccedil;&otilde;es te&oacute;ricas e epistemol&oacute;gicas s&atilde;o as quest&otilde;es que envolvem esse &ldquo;trio&rdquo; pedag&oacute;gico brasileiro. Que reconfigura&ccedil;&otilde;es o curr&iacute;culo vem sofrendo? Como compreend&ecirc;-lo no interior de jogos sem saber-poder que a constituem de modos d&iacute;spares? De que maneira olhar para as m&uacute;ltiplas did&aacute;ticas presentes no ch&atilde;o da escola que lhe acometem? A pandemia de Covid-19 mudou nosso pensamento sobre os curr&iacute;culos e as did&aacute;ticas? Quais os impactos dos novos dispositivos tecnol&oacute;gicos nessa institui&ccedil;&atilde;o? O que as macropol&iacute;ticas t&ecirc;m para dizer no tocante aos curr&iacute;culos? O que os novos sujeitos da pedagogia est&atilde;o pensando sobre ela? Como os movimentos culturais e sociais est&atilde;o percebendo a escola? O que n&oacute;s, pesquisadores(as) em educa&ccedil;&atilde;o e professores(as), como herdeiros dessa institui&ccedil;&atilde;o, temos a dizer? Posso dizer, que os trabalhos apresentados no x CONEDU responderam &nbsp;de alguma forma essas quest&otilde;es e abriram novas quest&otilde;es. Os textos produzidos a partir do &nbsp;campo da pesquisa em educa&ccedil;&atilde;o t&ecirc;m sido em torno do campo das pesquisas dos curr&iacute;culos e das did&aacute;ticas para interrogar os modos neoconservadores e apolit&iacute;cos. Assim, n&atilde;o falamos somente em curr&iacute;culos e did&aacute;ticas escolares, mas das diferentes cotidianidades, com suas pluralidades de praticantespensantes, que criam outros processos pol&iacute;ticos na did&aacute;tica educacional, nos curr&iacute;culos praticados, no planejamento e financiamento da educa&ccedil;&atilde;o e das a&ccedil;&otilde;es governamentais de enfrentamentos &agrave;s desigualdades mediadas pelas escolas. Consideramos que estudar as did&aacute;ticas e os curr&iacute;culos em seus processos de implementa&ccedil;&atilde;o nos cotidianos nos parece fundamental para pensarmos naquilo que se produz com os usos dos sujeitos. Por fim, desejo uma boa leitura para todos.&nbsp;<br />\r\n
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                  ALLAN DE CARVALHO RODRIGUES<br />\r\n
                  ANA PAULA DA SILVA SANTOS<br />\r\n
                  ANTONIA VALBENIA AUR&Eacute;LIO ROSA<br />\r\n
                  CLARISSA QUINTANILHA<br />\r\n
                  FL&Aacute;VIO MUNIZ CHAVES<br />\r\n
                  GUILHERME PEREIRA STRIBEL<br />\r\n
                  GUSTAVO DINIZ DE MESQUITA TAVEIRA<br />\r\n
                  HUGO CESAR BUENO NUNES<br />\r\n
                  LUIS PAULO CRUZ BORGES<br />\r\n
                  PAULA ALMEIDA DE CASTRO<br />\r\n
                  RAFAEL HONORATO<br />\r\n
                  RAFAEL MARQUES GONCALVES<br />\r\n
                  ROSALVO NOBRE CARNEIRO<br />\r\n
                  ROSELY DE OLIVEIRA MAC&Aacute;RIO<br />\r\n
                  SANDRO TIAGO DA SILVA FIGUEIRA<br />\r\n
                  STELLA MARIA PEIXOTO DE AZEVEDO PEDROSA<br />\r\n
                  TANIA SERRA AZUL MACHADO BEZERRA<br />\r\n
                  VALDEIR PEREIRA SILVA<br />\r\n
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                  Falar de Curr&iacute;culos e Did&aacute;ticas sempre nos remete ao espa&ccedil;o-tempo escolar. Se &eacute; verdade que nas escolas se vive um movimento de massifica&ccedil;&atilde;o de informa&ccedil;&otilde;es, reafirmando a reprodu&ccedil;&atilde;o de modelos, em sua maioria caracterizados pela dita &ldquo;grande m&iacute;dia&rdquo;, pelas meta-narrativas que invisibilizam experi&ecirc;ncias singulares e culturas locais, tamb&eacute;m &eacute; verdade que o cotidiano escolar, como espa&ccedil;o/tempo complexo, &eacute; lugar de produ&ccedil;&atilde;o, de cria&ccedil;&atilde;o, de indaga&ccedil;&atilde;o e de rebeldia. Se a escola, hoje, ainda sofre e padece sob os efeitos do conservadorismo, da pol&iacute;tica da mesmidade, do desejo de uniformidade e da produ&ccedil;&atilde;o de homogeneidades, se ela ainda caminha, de modo hegem&ocirc;nico, no sentido de apresentar respostas, solucionar problemas, equacionar a &ldquo;incivilidade&rdquo; do outro, do diferente, do diverso, ela tamb&eacute;m &eacute; o lugar onde a diferen&ccedil;a pode ser desconstru&iacute;da como desvio e legitimada como constitutiva das rela&ccedil;&otilde;es de alteridade. A escola tamb&eacute;m &eacute; um espa&ccedil;o praticado onde as homogeneidades s&atilde;o desfeitas, onde a esperan&ccedil;a floresce como fruto poss&iacute;vel de um mundo outro. Se por um lado o cotidiano escolar tem sido marcado por esse tempo de automatismo, acelera&ccedil;&atilde;o e controle social, por outro, esse mesmo cotidiano apresenta caminhos a serem trilhados, convites a pensar nossas rela&ccedil;&otilde;es com o mundo e no mundo. Os trabalhos apresentados no X CONEDU foram sem sombra de d&uacute;vidas de alto n&iacute;vel quanto interligam curr&iacute;culos, did&aacute;ticas e escolas. O que me parece ser o centro das nossas preocupa&ccedil;&otilde;es te&oacute;ricas e epistemol&oacute;gicas s&atilde;o as quest&otilde;es que envolvem esse &ldquo;trio&rdquo; pedag&oacute;gico brasileiro. Que reconfigura&ccedil;&otilde;es o curr&iacute;culo vem sofrendo? Como compreend&ecirc;-lo no interior de jogos sem saber-poder que a constituem de modos d&iacute;spares? De que maneira olhar para as m&uacute;ltiplas did&aacute;ticas presentes no ch&atilde;o da escola que lhe acometem? A pandemia de Covid-19 mudou nosso pensamento sobre os curr&iacute;culos e as did&aacute;ticas? Quais os impactos dos novos dispositivos tecnol&oacute;gicos nessa institui&ccedil;&atilde;o? O que as macropol&iacute;ticas t&ecirc;m para dizer no tocante aos curr&iacute;culos? O que os novos sujeitos da pedagogia est&atilde;o pensando sobre ela? Como os movimentos culturais e sociais est&atilde;o percebendo a escola? O que n&oacute;s, pesquisadores(as) em educa&ccedil;&atilde;o e professores(as), como herdeiros dessa institui&ccedil;&atilde;o, temos a dizer? Posso dizer, que os trabalhos apresentados no x CONEDU responderam &nbsp;de alguma forma essas quest&otilde;es e abriram novas quest&otilde;es. Os textos produzidos a partir do &nbsp;campo da pesquisa em educa&ccedil;&atilde;o t&ecirc;m sido em torno do campo das pesquisas dos curr&iacute;culos e das did&aacute;ticas para interrogar os modos neoconservadores e apolit&iacute;cos. Assim, n&atilde;o falamos somente em curr&iacute;culos e did&aacute;ticas escolares, mas das diferentes cotidianidades, com suas pluralidades de praticantespensantes, que criam outros processos pol&iacute;ticos na did&aacute;tica educacional, nos curr&iacute;culos praticados, no planejamento e financiamento da educa&ccedil;&atilde;o e das a&ccedil;&otilde;es governamentais de enfrentamentos &agrave;s desigualdades mediadas pelas escolas. Consideramos que estudar as did&aacute;ticas e os curr&iacute;culos em seus processos de implementa&ccedil;&atilde;o nos cotidianos nos parece fundamental para pensarmos naquilo que se produz com os usos dos sujeitos. Por fim, desejo uma boa leitura para todos.&nbsp;<br />\r\n
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                  ANA PAULA DA SILVA SANTOS<br />\r\n
                  ANTONIA VALBENIA AUR&Eacute;LIO ROSA<br />\r\n
                  CLARISSA QUINTANILHA<br />\r\n
                  FL&Aacute;VIO MUNIZ CHAVES<br />\r\n
                  GUILHERME PEREIRA STRIBEL<br />\r\n
                  GUSTAVO DINIZ DE MESQUITA TAVEIRA<br />\r\n
                  HUGO CESAR BUENO NUNES<br />\r\n
                  LUIS PAULO CRUZ BORGES<br />\r\n
                  PAULA ALMEIDA DE CASTRO<br />\r\n
                  RAFAEL HONORATO<br />\r\n
                  RAFAEL MARQUES GONCALVES<br />\r\n
                  ROSALVO NOBRE CARNEIRO<br />\r\n
                  ROSELY DE OLIVEIRA MAC&Aacute;RIO<br />\r\n
                  SANDRO TIAGO DA SILVA FIGUEIRA<br />\r\n
                  STELLA MARIA PEIXOTO DE AZEVEDO PEDROSA<br />\r\n
                  TANIA SERRA AZUL MACHADO BEZERRA<br />\r\n
                  VALDEIR PEREIRA SILVA<br />\r\n
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Publicado em 27 de janeiro de 2025

Resumo

Este capítulo tem como objetivo apresentar e discutir a influência do Processo Seletivo Misto no planejamento das aulas dos professores de Química, do Ensino Médio, de uma escola de âmbito federal, localizada na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Este estudo teve início em 2019, a partir da criação de uma proposta curricular para a área de Ciências da Natureza, após a obrigatoriedade de implementação da Base Nacional Comum Curricular. Durante a criação dessa proposta curricular, houve um amplo debate entre os membros da comunidade escolar, os quais reformularam os objetivos educacionais e de formação dos estudantes. Para investigarmos quais eram esses objetivos uma vez que, certamente, influenciariam na estruturação do currículo escolar, realizamos entrevistas semiestruturadas com os professores de Química do Ensino Médio da referida escola. As respostas foram gravadas em áudio e interpretadas qualitativamente, por meio da Análise de Conteúdo, com a criação de categorias, nas quais as unidades de registros foram organizadas. Identificamos que, mesmo não sendo uma diretriz oficial da instituição, há uma pressão externa pela comunidade de pais e estudantes para que as aulas contemplem o conteúdo programático do Processo Seletivo Misto, restringindo as metodologias de ensino, os materiais didáticos, as aulas práticas e as avaliações. Essa pressão se dá pelo fato de que é forte na cidade de Juiz de Fora, a cultura universitária. Assim, se configura como um dos objetivos de grande parte dos estudantes dessa instituição escolar, ao final da Educação Básica, ter acesso aos cursos de graduação oferecidos pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Contudo, essa preocupação em seguir predominantemente os referidos conteúdos programáticos, evidencia divergências entre os objetivos de aprendizagens indicados pela Base Nacional Comum Curricular e pela própria proposta pedagógica da escola, que visa uma formação humanista.

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