A despeito dos avanços teóricos e pedagógicos vistos nas últimas décadas, sobretudo após publicações de documentos oficiais, o ensino da oralidade ainda se faz omisso e/ou carente na Educação Básica, trazendo consigo controvérsias entre o que se espera e o que realmente acontece na sala de aula, principalmente no “o que” e no “como” ensinar essa prática de linguagem, de modo que as atividades que a contemplem sejam sistemáticas, contínuas e progressivas, como defendem Schneuwly e Dolz (2004), Antunes (2009), Carvalho e Ferrarezi Jr. (2018). Nesse contexto, o professor busca orientações teórico-metodológicas em fontes diversas, como, por exemplo, documentos curriculares e/ou norteadores, materiais didáticos, textos teóricos ou planos de aula, para que sirvam de aparato a sua prática docente. Por isso, nossa pesquisa propôs analisar como o ensino da oralidade, segundo as diretrizes da BNCC (BRASIL, 2017), concretiza o desenvolvimento das competências gerais esperadas para o ensino de Língua Portuguesa. O corpus para análise é constituído pelo recorte desse documento oficial relativo ao eixo oralidade para os Anos Finais do Ensino Fundamental no componente curricular de Língua Portuguesa, analisado a partir de uma pesquisa qualitativa, com uma metodologia descritivo-interpretativista, exploratória e documental. A análise aconteceu por etapas que se inter-relacionam: qual concepção de oralidade; como está disposta no documento (estrutura e organização); quais objetos de conhecimento, competências e habilidades a contemplam; qual sua relação com os demais eixos (produção de texto, leitura/escuta e análise linguística/semiótica); como (e quais) os campos de atuação sugerem seu ensino. Os resultados evidenciaram que (i) a oralidade é vista tanto como eixo quanto como prática de linguagem; (ii) há lacunas na distribuição e progressão do eixo entre os campos de atuação quanto às habilidades, sobretudo as específicas; (iii) a oralidade perpassa timidamente os demais eixos, atendendo apenas dois campos de atuação.