O currículo deve atender às transformações da sociedade para que, por meio dele, práticas educativas que visibilizem povos tradicionalmente invisibilizados transitem pela escola. A percepção de que a escola tem reproduzido práticas que excluem os demarcadores de gênero e raça nos seus processos educativos nos leva a questionar o papel da escola. Paralelo a isso historicamente, mulheres ocupam um lugar de invisibilidade no campo científico, especialmente as mulheres negras. Este estudo tem como objetivo apresentar de modo exploratório como as mulheres negras são invisibilizadas por meio dos currículos da formação de professores de Química. Esta pesquisa aponta que as mulheres negras não estão ausentes, mas são invisibilizadas pela lógica patriarcal e sexista que estrutura toda a sociedade e em que a Ciência é desenvolvida. Salienta-se que o feminismo contribuiu significativamente para que mulheres se tornassem livres e pudessem acessar inúmeros espaços socialmente negados para o corpo feminino. No entanto, o feminismo também se constituiu a partir de uma lógica racista que não visibilizava as particularidades de mulheres negras em suas lutas, que intercruzam gênero e raça. Assim, mulheres negras são atravessadas pela dupla invisibilidade e com isso acessam de modo mais tardio espaços de poder, por exemplo o ambiente acadêmico. A sociedade não visualiza as mulheres negras como produtoras de saberes, com isso as negligenciam no processo formativo de professores, característica que contribui para o aumento da (in)visibilidade.