Artigo Anais do VIII Encontro Nacional de Ensino de Sociologia na Educação Básica

ANAIS de Evento

ISBN: 978-85-61702-67-0

INTERSECCIONALIDADE E ESCREVIVÊNVIAS: REFLEXÕES SOBRE UMA PRÁTICA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

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Então, a Interseccionalidade é a consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação. Ela trata das interseções entre estes diversos fenômenos (AKOTIRENE, 2019). Conforme Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge (2021) “A interseccionalidade investiga como as relações interseccionais de poder influenciam as relações sociais em sociedades marcadas pela diversidade, bem como as experiências individuais na vida cotidiana. Como ferramenta analítica, a interseccionalidade considera que as categorias de raça, classe, gênero, orientação sexual, nacionalidade, capacidade, etnia e faixa etária – entre outras – são inter-relacionais e moldam-se mutuamente. A interseccionalidade é uma forma de entender e explicar a complexidade do mundo, das pessoas e das experiências humanas” (p. 15-16). Com isso, a relação com as escrevivências de Conceição Evaristo se estabelece. A autora, professora, contista, poetisa e romancista mineira trata, entre tantos outros temas, de ancestralidade (memórias ancestrais de pessoas escravizadas no Brasil e as opressões históricas que sofreram) e afrobrasilidade (como reconstruir identidades tendo em vista a (des)construção da identidade nesse contexto violento de opressão e injustiças da escravização negra?) na perspectiva da escrevivência. Que denomina como uma escrita da vida, que se escreve na vivência de cada pessoa, no modo como cada um e cada uma escreve o mundo que enfrenta na “escrita que expõe a potencia de uma realidade social”. Foi nessa confluência de pensares que realizei intervenção com uma turma de terceiro ano do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio, no ano de 2022, de modo presencial nas aulas regulares de Sociologia. Em relação à Sociologia escolar, a literatura sobre o tema demonstra um desenvolvimento de pesquisas nesse subcampo, principalmente pela reintrodução do ensino de Sociologia no Ensino Médio, nacionalmente obrigatório com a Lei Federal nº. 11.684/2008 (BODART, 2019b). Desse modo, produzir e divulgar conhecimentos que emergem de nossas práticas cotidianas em sala de aula pode colaborar tanto com o incremento desse subcampo quanto com a mobilização de colegas docentes para compartilharem suas experiências. As atividades envolveram trabalho com jogo de cartas sobre mulheres expoentes em diversas áreas do conhecimento (MAYER; KEHL, 2022) e discussão sobre o entrecruzamento das opressões que essas sofriam. As mobilizações para a aprendizagem iniciaram com discussões sobre o vídeo de “Triste, louca ou má” (FRANCISCO EL HOMBRE, 2016). Foi feita leitura do romance Ponciá Vicêncio (EVARISTO, 2017) e do conto Maria (EVARISTO, 2016) além de um resumo sobre a obra de Akotirene (2019) em termos de interseccionalidade e escrevivências. Foram debatidos os temas sobre Feminismo negro, geopolítica colonial, colonialidade (do ser, do poder e do saber), subalternização e luta antirracista e luta por emancipação. A ideia foi mostrar como a interseccionalidade é uma ferramenta analítica que procura apontar caminhos teóricos e metodológicos de intervenção política e social. As atividades se encaminharam para escritas de cartas em sala de aula por parte de estudantes sobre as mulheres do jogo de cartas. Para finalizar, enviei cartas aos endereços particulares de cada aluna e aluno com reflexões sobre os temas abordados. A dinâmica do ensino de Sociologia Escolar na turma após a intervenção foi alterada de modo positivo, tendo em vista estabelecimento de laços emocionais diferenciados nas nossas relações, mobilização para estudos na área e certo alargamento de perspectivas em termos de diversidade, equidade e justiça social. Ou seja, compreensão do que é uma vida digna, a possibilidade de existir, de ser, de ser vista, de poder falar e ser ouvida. A possibilidade de se desenvolver plenamente, de atuar na sua comunidade sendo reconhecido e reconhecida como sujeito para além de direitos e deveres. De estar inserida e inserido em um senso de justiça que se dá com base no reconhecimento das características individuais e necessidades específicas de cada sujeito."
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Então, a Interseccionalidade é a consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação. Ela trata das interseções entre estes diversos fenômenos (AKOTIRENE, 2019). Conforme Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge (2021) “A interseccionalidade investiga como as relações interseccionais de poder influenciam as relações sociais em sociedades marcadas pela diversidade, bem como as experiências individuais na vida cotidiana. Como ferramenta analítica, a interseccionalidade considera que as categorias de raça, classe, gênero, orientação sexual, nacionalidade, capacidade, etnia e faixa etária – entre outras – são inter-relacionais e moldam-se mutuamente. A interseccionalidade é uma forma de entender e explicar a complexidade do mundo, das pessoas e das experiências humanas” (p. 15-16). Com isso, a relação com as escrevivências de Conceição Evaristo se estabelece. 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Em relação à Sociologia escolar, a literatura sobre o tema demonstra um desenvolvimento de pesquisas nesse subcampo, principalmente pela reintrodução do ensino de Sociologia no Ensino Médio, nacionalmente obrigatório com a Lei Federal nº. 11.684/2008 (BODART, 2019b). Desse modo, produzir e divulgar conhecimentos que emergem de nossas práticas cotidianas em sala de aula pode colaborar tanto com o incremento desse subcampo quanto com a mobilização de colegas docentes para compartilharem suas experiências. As atividades envolveram trabalho com jogo de cartas sobre mulheres expoentes em diversas áreas do conhecimento (MAYER; KEHL, 2022) e discussão sobre o entrecruzamento das opressões que essas sofriam. As mobilizações para a aprendizagem iniciaram com discussões sobre o vídeo de “Triste, louca ou má” (FRANCISCO EL HOMBRE, 2016). 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Publicado em 15 de fevereiro de 2023

Resumo

O tema desse trabalho é a relação entre interseccionalidade e escrevivências. Compreender vínculos entre esses dois conceitos, que abrangem a complexidade das relações de poder que permeiam categorias como raça, classe e gênero, por exemplo, é relevante na Sociologia Escolar (BODART, 2019), tendo em vista mobilizar posicionamentos críticos nas juventudes. O conceito de interseccionalidade foi batizado desta maneira por Kimberlé Williams Crenshaw. Feminista e professora especializada nas questões de raça e de gênero. Ela usou este termo pela primeira vez em uma pesquisa no ano de 1991 sobre as violências vividas pelas mulheres racializadas e subalternizadas nos Estados Unidos. Este conceito foi usado por outros estudos, mas com os termos de “interconectividade” ou de “identidades multiplicativas”. Interseccionalidade é um conceito sociológico que estuda as interações nas vidas das chamadas minorias, entre diversas estruturas de poder. Então, a Interseccionalidade é a consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação. Ela trata das interseções entre estes diversos fenômenos (AKOTIRENE, 2019). Conforme Patrícia Hill Collins e Sirma Bilge (2021) “A interseccionalidade investiga como as relações interseccionais de poder influenciam as relações sociais em sociedades marcadas pela diversidade, bem como as experiências individuais na vida cotidiana. Como ferramenta analítica, a interseccionalidade considera que as categorias de raça, classe, gênero, orientação sexual, nacionalidade, capacidade, etnia e faixa etária – entre outras – são inter-relacionais e moldam-se mutuamente. A interseccionalidade é uma forma de entender e explicar a complexidade do mundo, das pessoas e das experiências humanas” (p. 15-16). Com isso, a relação com as escrevivências de Conceição Evaristo se estabelece. 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