Em geral, revisões sobre teorias sociológicas da educação tendem a percorrer um itinerário comum quando lidam com autores situados em fins do século XIX e início do XX: destacam as contribuições de Durkheim, Marx, Engels, Weber e, às vezes, Tocqueville. Neste movimento, próprio das dinâmicas sociais de canonização acadêmica, certos nomes são relegados ao segundo plano. O presente trabalho busca recuperar os paradigmas fornecidos por dois intelectuais negros norte-americanos situados em um período histórico similar, Anna J. Cooper e W. E. B. Du Bois, para se pensar sociologicamente as relações entre Educação e sociedade. Diferentemente dos autores clássicos, Cooper e Du Bois constroem interpretações sócio-políticas refinadas dos fenômenos educacionais modernos articulando marcadores de classe, gênero e etnia. No caso de Cooper, destaca-se a posição central a ser adquirida pela mulher negra nos processos de escolarização em massa típicos da modernidade; em Du Bois, a educação é o principal instrumento de apagamento de linhas de cor que estruturam e cindem o capitalismo racializado. Portanto, busca-se, aqui, evidenciar as continuidades, rupturas e inovações acionadas por Cooper e Du Bois em relação às “teorias clássicas”, aportando arcabouços conceituais renovados para as reflexões sobre educação desenvolvidas pela Sociologia escolar, para além dos paradigmas historicamente consolidados.