A pontuação deve ser compreendida não apenas como um apêndice da gramática das línguas naturais ou mera convenção tipográfica, mas como conjunto de marcas linguísticas que organizam a sintaxe do texto e instanciam sentidos. Entretanto, em muitas das gramáticas tradicionais, na falta de uma exposição sobre os processos sintáticos e semânticos que resultam na escolha de um determinado sinal, acentua-se seu caráter normativo. Tendo por horizonte esse olhar crítico, apresentamos esta revisão da literatura, que integra nossa pesquisa de mestrado (AUTOR, 2020), na qual buscamos investigar, de modo focal, os padrões de pontuação relativos aos conectores adversativos, em contexto de escrita formal (acadêmica). Para tanto, colocamos em contraponto o que a tradição gramatical já sistematizou acerca da pontuação das coordenadas adversativas e o que a Linguística Funcional, na figura de Givón (1984, 1991, 1993), pode contribuir para que ampliemos nossa compreensão acerca do português escrito, em especial, quanto aos processos de vinculação sintática e seu registro gráfico. Acreditamos que as reflexões operacionalizadas pelo autor, de modo especial as noções relativas aos graus de conectividade temática e de integração sintática, trazem um olhar mais refinado à complexidade inerente aos fenômenos de vinculação sintática presentes em textos concretos, os quais desafiam as prescrições propostas pela tradição gramatical quanto a pontuação de períodos compostos.