O presente trabalho propõe-se a analisar o tratamento dado ao conteúdo variação linguística nas unidades didáticas e nas orientações teórico-metodológicas dos LD que compõem nosso corpus, a partir das reflexões sobre o ensino da variação linguística empreendidas por sociolinguistas hispânicos e brasileiros, como Lipski (1996), Bortoni-Ricardo (2004, 2005), Silva-Corvalán (2001), Andión Herrero (2013, 2019), Faraco (2008), Pontes (2014), Pereira, Pontes e Souza (2016), Calderón Campos (2010) e Bagno (2003, 2007). Para tal, propomos as seguintes questões: a) em que medida a variação linguística da língua espanhola é contemplada no manual do professor das coleções que compõem nosso corpus? b) em que medida a abordagem dada à variação linguística nos LD analisados contribui para o desenvolvimento de uma pedagogia da variação no ensino de espanhol para brasileiros? Quanto ao corpus, analisamos as coleções: Entre Líneas, Por el mundo en español e Cercanía. Do ponto de vista metodológico, fizemos uma pesquisa documental de abordagem qualitativa. Os resultados apontam que os LD de ELE produzidos e editados no Brasil por autores brasileiros abordam os fenômenos variáveis da língua espanhola de um modo que pouco contribui para o desenvolvimento de uma pedagogia da variação, pois evidenciamos uma predominância do trabalho pedagógico, das coleções sob análise, com as variantes linguísticas próprias da norma-padrão madrilenha e para a ausência de suporte didático sobre o ensino da variação linguística nas orientações teórico-metodológicas.