África e Brasil possuem muito em comum, nossas histórias sempre se tocam e de certa maneira constroem uma a outra, no entanto a língua é um dos pontos que coincidem mais interessantes, tendo em vista que permite que tenhamos acesso a cultura e no caso de nossa pesquisa em especifico à literatura e a carga artística, histórica, política e social que ela carrega. “Solidão” é um conto de Albertino Bragança – escritor de São Tomé e Príncipe engajado nas causas sociais e políticas de seu lugar - que conta a história de Mento Muala, inicialmente apresentado como um personagem alegre, simpático e cuja atenção das mulheres sempre atraía, nesse sentido muito próximo a personagens da literatura brasileira que buscam representar a imagem do malandro, contudo no decorrer da narrativa, percebe-se que essas características atribuídas a Mento Muala não correspondem de fato ao que ele sente em seu íntimo e como se comporta quando não está rodeado de pessoas – ou tão somente da maioria, considerando que Lencha conseguia perceber esse lado do protagonista -, revelando-se uma pessoa quieta, reflexiva e, sobretudo melancólica. Sendo assim, analisamos o conto e, principalmente a figura do protagonista em relação à melancolia. Para tanto, utilizamos como arcabouço teórico autores como Sigmund Freud, Walter Benjamin, Lajes e Barthes que estudam e entendem a melancolia e as relações que estabelece com o sujeito a partir do contexto em que estão inseridos. Cabe destacar que para Freud a melancolia tem uma relação com a perda de algo, sabendo ou não do que se trata. Já para Benjamin a melancolia seria uma possível via de reflexão. Por fim, propomos uma sequência didática, com base no modelo proposto por Cosson (2006).