Crianças, jovens e adultos não se desenvolvem sem conflitos. Os momentos de crise pelos quais se passa ao longo da vida, representados pelas intempéries internas ou externas aos corpos e mentes, exprimem uma condição básica que deverá ser considerada: não se vive sem crises. Entre tantas adversidades, nos deparamos com a pandemia de Covd-19, um contexto diferenciado de tudo antes experenciado. Em vista disso, o objetivo deste trabalho é analisar a realidade do acesso às tecnologias digitais pelas crianças e adolescentes da periferia do Recife no contexto da pandemia do novo Coronavírus. O mundo atual é marcado pela concorrência, pela rapidez, pela crise ambiental, pelos avanços tecnológicos da atual revolução técnico-científica-informacional que imprime condições de adaptações para sujeitos das mais diferenciadas faixas etárias e condições socioeconômicas. No tempo das velocidades, foi imprescindível parar e considerar que o cotidiano marcado pelo frenesi da escassez de tempo precisaria interromper o óbvio, e nesse contexto inesperado se encontra a escola, com seus tantos dias letivos e obrigatórios. De um momento para o outro, o uso de aparelhos celulares antes proibidos nas aulas, passou a ser condição para o acontecimento dessas. Crianças e adolescentes precisaram fazer uso de equipamentos tecnológicos e com acesso à internet, entretanto, as condições de adaptação ao novo momento não foram as mesmas para todas as crianças e jovens, principalmente das periferias das cidades, onde se observam a escassez das tecnologias digitais devido, principalmente, às condições socioeconômicas das famílias. Neste artigo, trazemos um recorte para a cidade do Recife.