Este trabalho apresenta e discute ecos de estudantes a respeito da importância das aves para o ambiente, expressos em atividades realizadas no âmbito do projeto de ensino “Tu que tanto anda no mundo, sabiá”, que envolve a observação de aves e é realizado no contraturno, com crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública federal, situada na cidade do Rio de Janeiro. Para isso, partimos da premissa de que é urgente a discussão das questões relacionadas à temática socioambiental e que a Educação Ambiental (EA) é um meio para que possamos refletir e transformar, sobretudo, a nossa relação utilitarista com a natureza da qual fazemos parte, relação essa que, como já apontam autores como Gerd Bornheim e Ailton Krenak, contribuem para a visão dicotômica (ser humano e natureza) e, consequentemente, para a sua degradação. Diante disso, vimos na observação de aves uma oportunidade para buscarmos transformar essa relação predatória, pelo potencial das aves em nos provocar encantamento, conexão com o meio, além de estarem disponíveis na maioria dos ambientes. Em atividades realizadas com as crianças em período de ensino remoto, identificamos, nas 33 atividades entregues, que as crianças expressaram alguns ecos a respeito da importância das aves que evidenciaram, entre outros aspectos, a ideia de codependência entre as formas de vida existentes em nosso planeta, além de uma percepção estética da presença das aves no ambiente. Tais ecos nos suscitaram para a necessidade de cada vez mais pensarmos uma EA que se preocupe em transformar a relação entre ser humano e natureza nas diferentes dimensões, pautada pelos preceitos de uma EA crítica, que não hierarquiza saberes e que reconheça que ações individuais são importantes, mas, sobretudo, é necessário também problematizar o modo de produção capitalista, bem como as desigualdades existentes em nosso mundo.