A pandemia escancarou a necessidade de discutirmos com profundidade a qualidade da formação em saúde no país, destacando-se o papel central do professor neste processo. Neste âmbito, o objetivo deste estudo foi investigar a formação e atividade docente no ensino superior em saúde considerando seu perfil, engajamento e principais percepções profissionais. Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, de abordagem descritiva e analítica que investigou a capacitação didático-pedagógica e as percepções da atividade de 223 professores do ensino superior em saúde de todo o Brasil. A amostra foi predominantemente feminina (61,88%) com titulação de doutorado (60,09%). Em relação à atividade profissional, os participantes atuam no magistério superior há ±13 anos (7,5-20,0), são de IES privadas (53,36%), com vínculo de tempo integral (56,95%) e têm sua atividade docente como principal (71,30%). Houve maior representatividade das regiões sudeste (36%) e nordeste (36%) com predomínio de atuação nas capitais e regiões metropolitanas (58,7%). A maioria dos entrevistados considera sua função docente como principal (71.30%), afirma conhecer as Diretrizes Curriculares Nacionais dos seus respectivos cursos de atuação (91,48%) e relata familiaridade com os elementos relacionados ao corpo docente presentes nos documentos de avaliação de curso e institucionais (83,41%). Embora relatem, notadamente os profissionais da rede privada (89,8% vs. 73,08% públicas, p<0.001), que suas instituições possuem adequada infraestrutura, há um relativo descontentamento em relação à remuneração, especialmente entre profissionais com formação original em Medicina (59,57% vs. 34,88% outras formações, p=0.001). No contexto de virtualização do trabalho docente, relatam utilizar ferramentas tecnológicas (85,20%) e se sentem aptos para atuarem no ensino remoto (69,06%), bem como o consideram eficaz (58,74%). Este estudo lança luz a um tema pouco explorado no país, mas que representa grande impacto na qualidade da formação de profissionais de saúde brasileiros. O presente trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 39518620.6.0000.5033).