Este trabalho tem como objetivo a realização de um processo criativo a partir de investigações corporais com base no Ritual do Toré dos índios Potiguara da Paraíba, estabelecendo diálogos entre esta prática e a investigação em dança. No decorrer da pesquisa realizei laboratórios práticos para desenvolver a estrutura do processo criativo, e, a partir daí, investigar revisitando as memórias acessadas e atualizadas, gerando reflexões entre teoria e prática, para melhor entendê-las com base nas referências visitadas. As investigações nos laboratórios foram impulsionadas pelos usos dos instrumentos musicais e materiais existentes no ritual do Toré, assim desenvolvendo relações entre a musicalidade, a dança e os padrões de movimentos constituídos no ritual. Dados sobre aspectos corporais, visuais e sonoros, abrangendo as relações entre aspectos simbólicos e a materialidade que envolve o ritual foram levantados durante a pesquisa. Tais aspectos encontrados, a partir das músicas e das coreografias já existentes no Toré, foram revisitados e executados buscando compreender novas formas de padrões de movimentos e assim criar novas possibilidades gestuais e imagéticas. Essas novas formas de se movimentar se apresentam de forma sutil no mover do meu corpo, evidenciando estados. Na tentativa de reproduzir o que a música revela e ao mesmo tempo, ressaltar seus aspectos metafóricos, no sentido de apresentar algo que serve para entender outro, a corporalidade materializa pensamentos e modos de ser indígena. Houve também levantamento das letras e canções do Toré. que possibilitaram direcionamentos para o processo criativo ao disparar memórias riquíssimas de minha vida enquanto indígena.