O presente trabalho traz à baila o debate acerca dos intelectuais para Gramsci – principalmente os orgânicos – e sua importância na construção de uma educação desinteressada. Adjetivado por Gramsci (2001) como um mobilizador e organizador das massas, tais sujeitos históricos detêm de uma contribuição ímpar para se pensar, sob os prismas gramscianos, a elaboração de um projeto com uma perspectiva orgânica, sistemática e, por sua vez, argumentada (GRAMSCI, 2001). Nessa esteira, o objetivo da pesquisa em tela consiste em perceber a contribuição dos intelectuais orgânicos e sua importância na emancipação social do subalterno. Como metodologia, utilizou-se uma pesquisa teórico-bibliográfica (GIL, 2002), a partir da leitura, fichamento e debates do Caderno 12 (GRAMSCI, 2001) – uma vez que é o principal texto do comunista sardo que aborda a questão dos intelectuais – e do artigo A questão dos intelectuais em Gramsci, Duriguetto (2014), além de definições de Marx (2004) que trará discussões envolvendo o objeto focal de pesquisa. Para tanto, apropriou-se do Materialismo Histórico-Dialético e da Filosofia da Práxis como ferramentas de análise, visando refletir histórico-criticamente acerca das categorias elencadas por Gramsci. Nessa esteira, segundo Gramsci (2001), há duas tipificações de grupos intelectuais: os tradicionais e os orgânicos. Os primeiros, defendem o interesse de grupos hegemônicos, colocando-se, portanto, numa posição de perpetuação dos privilégios da classe dominante. Os segundos exercem um papel orgânico e crítico dentro da esfera política e social da sociedade, não colocando-se numa posição de indiferença perante ao sistema capitalista. Desse modo, entende-se que compreender o papel dos intelectuais é condição sine qua non para uma educação pública, gratuita e crítica, uma vez que a constituição de grupos de intelectuais orgânicos é a principal argamassa na garantia da emancipação do subalterno.