Há muito tempo a população quilombola vem resistindo e lutando pela inclusão social por meio das ações de atenção integral, contudo, poucos estudos na literatura abordam esta problemática. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura acerca do cuidado integral em comunidades quilombolas no contexto da Atenção Básica. Foi realizada uma busca nas bases de dados MEDLINE e BVS com os descritores: Grupo com Ancestrais do Continente Africano OR Comunidade Quilombola AND Sistema Único de Saúde OR Atenção Primária à Saúde OR Avaliação em Saúde. Foram incluídos artigos em português, inglês e espanhol, com texto completo disponível. Dentre 285 artigos, 22 foram selecionados, tendo sido publicados entre 2011 e 2022. Os resultados dos artigos foram analisados e apresentados a partir das categorias temáticas: “Cuidado Integral em Saúde”, “Práticas de Cuidado” e “Acesso à Saúde”. A mulher quilombola, em especial as mais velhas, torna-se a grande expoente do cuidado familiar e comunitário, exercendo o reforço positivo de práticas culturais próprias, valorizando a ancestralidade, o território e as plantas medicinais. Embora o cuidado esteja centrado na figura feminina, sua própria saúde foi com frequência negligenciada por profissionais alheios ao princípio da integralidade e o contexto multifatorial de vulnerabilidade dessa população. A distância das comunidades às unidades de maior complexidade e a precariedade das estradas exigem de uma comunidade já fragilizada gastos com deslocamento e alimentação, como também acarreta na rotatividade de profissionais e, até mesmo, em períodos de desassistência, prejudicando a luta dos quilombolas por inclusão social. Denota-se com esta revisão que o cuidado integral da comunidade quilombola na AB tende a explorar a responsabilidade atribuída à mulher no cuidado individual e coletivo, envolvendo um contexto de enfrentamento às adversidades sociais, raciais e estruturais, que permeiam o acesso aos serviços de saúde no território quilombola.