O RACISMO É UM PROBLEMA PRESENTE NA ESTRUTURA DA SOCIEDADE BRASILEIRA, CONTRIBUINDO PARA TERMOS UMA REALIDADE SOCIAL DESIGUAL E INJUSTA. AS ESTATÍSTICAS APRESENTADAS POR ÓRGÃOS OFICIAIS COMO O INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, EVIDENCIAM ESSA DESIGUALDADE, A PARTIR DE DADOS QUE MOSTRAM QUE OS NEGROS SÃO A MAIORIA DA POPULAÇÃO CARCERÁRIA, REPRESENTAM A MAIOR PARTE DAS PESSOAS MORTAS DE FORMA VIOLENTA E, EM CONTRAPARTIDA, SÃO MINORIA NOS ESPAÇOS DE DECISÃO DE PODER. NÓS NÃO PODEMOS PENSAR QUE ESSES FATOS SÃO POR ACASO, UMA VEZ QUE O PROCESSO HISTÓRICO DO BRASIL CONTRIBUIU PARA ISSO, NO ENTANTO, NÃO É MAIS POSSÍVEL ACEITAR QUE ESSES DADOS SEJAM VISTOS COMO NORMAIS OU IMUTÁVEIS, SENDO NECESSÁRIO UM ENGAJAMENTO PARA MUDÁ-LOS. SOMENTE POR MEIO DE UMA VERDADEIRA MOBILIZAÇÃO DOS DIVERSOS SETORES DA SOCIEDADE SERÁ POSSÍVEL MUDAR ESSA REALIDADE, A COMEÇAR PELO PROCESSO DE ROMPER COM O SILENCIAMENTO, QUE DURANTE MUITO TEMPO IMPEROU, VENDENDO À SOCIEDADE O MITO DE QUE VIVEMOS EM UMA DEMOCRACIA RACIAL, E PORTANTO, O RACISMO NÃO EXISTIRIA, NÃO SENDO NECESSÁRIO FALAR SOBRE ELE, ISSO REPRESENTA MAIS UMA FORMA DE VIOLÊNCIA. CONSIDERANDO ESSE CENÁRIO, A EDUCAÇÃO É PRIMORDIAL NA SUPERAÇÃO DO RACISMO E, POR CONSEQUÊNCIA, DAS DIVERSAS FORMAS DE VIOLÊNCIA QUE DECORREM DELE. NÃO HÁ COMO A ESCOLA ESTAR INSERIDA NESSE CONTEXTO DE DESIGUALDADES E NÃO SE ENVOLVER COM A DISCUSSÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, ALGO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE CIDADÃOS ANTIRRACISTAS. ADEMAIS, É NO AMBIENTE ESCOLAR QUE, MUITAS VEZES, A CRIANÇA TEM O PRIMEIRO CONTATO COM O RACISMO E A DISCRIMINAÇÃO, OU SEJA, A ESCOLA É O REFLEXO DE UMA SOCIEDADE DESIGUAL, E É SEU PAPEL CONTRIBUIR PARA CONSTRUÍ-LA DE FORMA MAIS JUSTA. DE ACORDO COM A LEI 10.639/03, QUE ALTERA A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, A HISTÓRIA E A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA DEVEM SER ENSINADAS EM TODAS AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. NO ENTANTO, A LITERATURA MOSTRA QUE ESSA DISCUSSÃO TENDE A FICAR, MAJORITARIAMENTE, A CARGO DAS DISCIPLINAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS. E MESMO QUANDO ISSO ACONTECE, GERALMENTE, SÃO MOMENTOS PONTUAIS, EM ALGUMA DATA COMEMORATIVA, COMO O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. É NESSE SENTIDO QUE ESSA PESQUISA SE JUSTIFICA, POR ENTENDERMOS QUE A CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA DEVE SER FEITA POR TODAS AS ÁREAS, INCLUSIVE A DE CIÊNCIAS DA NATUREZA. ISSO PORQUE É PRECISO DISCUTIR UM ENSINO DE CIÊNCIAS QUE CONTEMPLE TAMBÉM O CONHECIMENTO PRODUZIDO POR OUTROS POVOS, ALÉM DOS EUROPEUS. NÃO QUEREMOS DIZER QUE A CIÊNCIA ENSINADA TRADICIONALMENTE NAS ESCOLAS NÃO É IMPORTANTE, MAS QUE SOMENTE ELA NÃO CONSEGUE EXPLICAR A HISTÓRIA DO CONHECIMENTO ACUMULADO PELA HUMANIDADE. PORÉM, O QUE NORMALMENTE APRENDEMOS NAS ESCOLAS SÃO OS CONHECIMENTOS PRODUZIDOS POR PESSOAS BRANCAS, ISSO INCLUI CIVILIZAÇÕES ANTIGAS COMO A GREGA E A ROMANA, ASSIM OS DEMAIS POVOS SÃO SISTEMATICAMENTE INVISIBILIZADOS NO AMBIENTE ESCOLAR. DESSA MANEIRA, ACABAM SENDO DESCONHECIDAS GRANDES CONTRIBUIÇÕES QUE PESSOAS ESCRAVIZADAS TROUXERAM PARA O BRASIL, A EXEMPLO DOS CONHECIMENTOS SOBRE MINERAÇÃO. DA MESMA FORMA, É PRECISO DESTACAR QUE, MUITAS VEZES, A CIÊNCIA E/OU A PSEUDOCIÊNCIA FORAM USADAS PARA FUNDAMENTAR PRECONCEITOS, A EXEMPLO DO RACISMO CIENTÍFICO QUE FOI MUITO PRESENTE NO BRASIL APÓS A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO, CONTRIBUINDO PARA FORMAR UMA SOCIEDADE HIERARQUIZADA, JUSTIFICANDO AS POSIÇÕES PRIVILEGIADAS DOS BRANCOS EM DETRIMENTO DA POPULAÇÃO NEGRA, ASSIM, É PRECISO QUE NÓS PROFESSORES DE CIÊNCIAS TENHAMOS O COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE DE UTILIZAR A CIÊNCIA PARA AJUDAR NA SOLUÇÃO DESSAS QUESTÕES. DIANTE DISSO, O OBJETIVO DESSE TRABALHO É FAZER UMA ANÁLISE DAS HABILIDADES E DOS OBJETOS DO CONHECIMENTO PROPOSTOS PELA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR DO 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A ÁREA DE CIÊNCIAS, NA UNIDADE TEMÁTICA VIDA E EVOLUÇÃO, PARA VERIFICAR EM QUE MEDIDA O DOCUMENTO POSSIBILITA DISCUTIR AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. POIS ALÉM DOS FATOS QUE JÁ COLOCAMOS AQUI, SOBRE O COMPROMISSO QUE A ESCOLA PRECISAR TER COM UMA FORMAÇÃO CIDADÃ DOS ALUNOS, O QUE PERPASSA COMBATER TODA FORMA DE PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO, AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019, APESAR DE RETROCEDER EM MUITOS PONTOS QUANDO SE TRATA DE QUESTÕES SOCIALMENTE RELEVANTES, DESTACA QUE O DOCENTE DEVE ESTAR ATENTO ÀS DISCRIMINAÇÕES RACIAIS QUE POSSAM ACONTECER NA ESCOLA, E A PARTIR DISSO, PROPOR MEIOS PARA FAZER A ARTICULAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESPECÍFICOS COM AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. A ESCOLHA POR ESSA UNIDADE TEMÁTICA E PELO 7º ANO FOI PELO FATO DE QUE AMBOS EVIDENCIAM MAIS A INTERAÇÃO DO SER HUMANO COM O MEIO, O QUE PODERIA FACILITAR A INSERÇÃO DE QUESTÕES SOCIAIS. O PROCEDIMENTO PARA OBTER AS INFORMAÇÕES FOI A ANÁLISE DOCUMENTAL DA VERSÃO FINAL DA BASE QUE ESTÁ DISPONÍVEL NO SITE DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. PARA ANALISAR OS DADOS, FOI UTILIZADA A METODOLOGIA DE ANÁLISE TEXTUAL DISCURSIVA E, APÓS A LEITURA DO MATERIAL, FORAM CONSTRUÍDAS ALGUMAS PROPOSTAS QUE ESTÃO AGRUPADAS EM TRÊS CATEGORIAS: A) RACISMO AMBIENTAL: COMO OS DESASTRES AMBIENTAIS ATINGEM A VIDA DO POVO NEGRO; B) SAÚDE PÚBLICA; C) INCLUSÃO DIGITAL PARA QUEM? OS RESULTADOS APONTAM QUE A BASE NÃO APRESENTA DE FORMA CONCRETA A DISCUSSÃO DAS RER, E MESMO TRAZENDO EM ALGUNS MOMENTOS TERMOS COMO DIVERSIDADE, NÃO HÁ NADA DE ESPECÍFICO COM RELAÇÃO AO COMBATE AO RACISMO. APESAR DISSO, NOSSA PESQUISA MOSTRA QUE É POSSÍVEL FAZER A ARTICULAÇÃO DOS CONTEÚDOS, OU OBJETOS DO CONHECIMENTO, QUE ESTÃO PREVISTOS NA BNCC COM AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS, CONTEXTUALIZÁ-LOS E PROVOCAR OS ALUNOS PARA REFLETIREM SOBRE OS PROBLEMAS SOCIAIS DO BRASIL, INCLUINDO O RACISMO E SUAS DIVERSAS FACES. ALÉM DISSO, E TALVEZ MAIS IMPORTANTE, LEVAR OS ALUNOS A PENSAREM POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA ESSAS QUESTÕES BASEANDO-SE NOS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS. NESSA PESQUISA, FAZEMOS ALGUMAS SUGESTÕES PARA SEREM TRABALHADAS NA SALA DE AULA COMO, POR EXEMPLO, A QUESTÃO DO ACESSO À SAÚDE PÚBLICA DE QUALIDADE, EVIDENCIANDO PESQUISAS QUE APONTEM PARA A DIFICULDADE QUE UMA PARCELA DA POPULAÇÃO (POBRE E PRETA) POSSUI PARA TER ESSE DIREITO GARANTIDO. OUTRA QUESTÃO APONTADA É SOBRE A DESIGUALDADE QUANDO SE TRATA DA “INCLUSÃO DIGITAL”, FATO QUE FICOU MUITO EVIDENTE NA PANDEMIA. É PRECISO PENSAR QUEM SÃO AS PESSOAS NORMALMENTE EXCLUÍDAS DESSE PROCESSO. OUTRA POSSIBILIDADE É A DISCUSSÃO QUE PODE SER FEITA SOBRE O RACISMO AMBIENTAL, EM QUE PODEMOS FALAR COMO PESSOAS NEGRAS SÃO AS MAIS ATINGIDAS POR PROBLEMAS AMBIENTAIS. PORTANTO, ENTENDENDO A ESCOLA COMO UM LOCAL DE FORMAÇÃO DE CIDADÃOS ANTIRRACISTAS, É PRECISO QUE MAIS DO QUE ENSINAR CONTEÚDOS CIENTÍFICOS ISOLADOS, OS PROFESSORES DEFENDAM UM ENSINO DE CIÊNCIAS QUE TENHA TAMBÉM RESPONSABILIDADE COM QUESTÕES SOCIAIS. NÃO TER A QUESTÃO RACIAL DEMARCADA NA BNCC É ALGO MUITO GRAVE, POIS ESSE É UM DOCUMENTO OBRIGATÓRIO PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA, DIFERENTEMENTE DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, QUE NÃO ERAM OBRIGATÓRIOS, APENAS FORNECIAM SUBSÍDIOS PARA A ELABORAÇÃO DOS CURRÍCULOS ESCOLARES, OU SEJA, ESSE FATO DESOBRIGA A ESCOLA A TRATAR SOBRE AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS. MAS MESMO COM AS LIMITAÇÕES QUE BNCC NOS IMPÕE, NÃO PODEMOS PERDER DE VISTA QUE A ESCOLA DEVE CUMPRIR SUA FUNÇÃO E TER COMPROMISSO COM O DESENVOLVIMENTO DE VALORES E ISSO PERPASSA DISCUTIR A QUESTÃO RACIAL.