O TRABALHO ANALISA DUAS OBRAS DO CINEASTA TSAI MING-LIANG: O FILME THE HOLE (1998) E O EXPERIMENTO EM REALIDADE VIRTUAL THE DESERTED (2017). OBSERVAREMOS COMO OS CORPOS QUEER CIRCULAM NESSAS OBRAS, TANTO OS DOS ATORES QUANDO OS DOS ESPECTADORES, TODOS RESSALTADOS EM SUA FISICALIDADE. THE HOLE ABORDA DUAS PERSONAGENS ISOLADAS DURANTE UMA PANDEMIA FICTÍCIA EM TAIPEI, CAPITAL DE TAIWAN, NA VIRADA PARA O TERCEIRO MILÊNIO. CONHECIDA COMO “FEBRE DE TAIWAN”, A DOENÇA CAUSA NOS INFECTADOS UM COMPORTAMENTO SEMELHANTE AO DE BARATAS, FAZENDO-OS SE ARRASTAREM PELO CHÃO EM BUSCA DE LUGARES ESCUROS E ÚMIDOS. NESSE CENÁRIO DISTÓPICO, NASCEM FANTASIAS ENTRE DOIS VIZINHOS DE APARTAMENTO, UM COMENTÁRIO IRÔNICO, MAS TAMBÉM UM VISLUMBRE DE AFETO EM MEIO À CRISE. EM THE DESERTED, SOMOS INSERIDOS NO ESPAÇO EM 360° A ACOMPANHAR A ROTINA DE HSIAO KANG, PROTAGONISTA DE TODOS OS LONGAS-METRAGENS DE TSAI, EM UMA CASA DEGRADADA EM MEIO À NATUREZA, ONDE MEMÓRIAS SE MATERIALIZAM COMO FANTASMAS DE CORPO SENSÍVEL. HÁ VÁRIAS ESTRATÉGIAS DE INTENSIFICAÇÃO SENSORIAL JUNTO AO ESPECTADOR, COMO A PRESENÇA DE GOTAS DE CHUVA, ÁGUA DE BANHEIRA, CHEIRO DE ALIMENTO COZINHANDO, PAREDES MOFADAS ETC., QUE NOS PERMITEM HABITAR PROVISORIAMENTE O LOCAL. AS DUAS OBRAS, AO TRABALHAREM A CONTEMPLAÇÃO E A FISICALIDADE DE CORPOS E ESPAÇOS, OFERECEM INSIGHTS INTERESSANTES A RESPEITO DO CINEMA QUEER CONTEMPORÂNEO. COMO APORTE BIBLIOGRÁFICO, RECORREMOS A ALGUNS ARTIGOS SOBRE TSAI E ENTREVISTAS COM ELE (CF. MARTIN, 2007; MELLO, 2013; BUCHAN, 2010), ALÉM DE TEXTOS SOBRE SENSORIALIDADES NO CINEMA CONTEMPORÂNEO (CF. VIEIRA JR., 2015; DE LUCA, 2014).