PRETENDE-SE ABORDAR A REPRESENTAÇÃO DAS VIOLÊNCIAS NO ROMANCE "LA SANGRE, EL POLVO, LA NIEVE" (2010), DE KARINA PACHECO MEDRANO. PARA TAL OBJETIVO, SE REALIZA UMA ANÁLISE HERMENÊUTICA AMPARADA PRINCIPALMENTE NAS CATEGORIAS VIOLÊNCIA SUBJETIVA E OBJETIVA ELABORADAS POR SLAVOJ ZIZEK. A PROPOSTA É QUE, NO ROMANCE, A CASA SE CONFIGURA COMO METÁFORA DA VIOLÊNCIA FAMILIAR E SOCIAL DO SISTEMA PATRIARCAL NO CUSCO DO SÉCULO XX. OS QUARTOS VAZIOS E ESCUROS DA MORADIA DOS LOAYZA GUARDAM SEGREDOS QUE GIRALDA, FILHA MAIS NOVA E PROTAGONISTA DA NARRATIVA, VAI DESVENDAR DESDE CRIANÇA. ASSIM, AOS POUCOS, EMERGEM OS PROBLEMAS DA INTIMIDADE FAMILIAR COMO INFIDELIDADE, TRADIÇÕES MACHISTAS, MALTRATO FÍSICO E PSICOLÓGICO CONTRA AS MULHERES. CONCOMITANTEMENTE, A CASA EXTRAPOLA A VIOLÊNCIA DENTRO DA FAMÍLIA PARA O ESPAÇO PÚBLICO, POIS APRESENTA ATITUDES SOCIALMENTE ESTABELECIDAS E PERIGOSAMENTE ACEITAS COMO SÃO RACISMO, ESCRAVIDÃO, SUBMISSÃO DA MULHER, LUTA DE CLASSES, ASSASSINATOS COM MOTIVAÇÕES POLÍTICAS. DESSA FORMA, O ROMANCE CONFIGURA-SE COMO UMA NARRATIVA INTIMISTA E TOTALIZADORA, EM QUE CONFLUEM A HISTÓRIA OFICIAL DO PERU, A HISTÓRIA DE UMA CIDADE PERIFÉRICA COMO CUSCO E A VIDA DE GIRALDA. AO TRANSITAR POR ESSES TRÊS ESPAÇOS NARRATIVOS, A ESCRITA DE PACHECO MEDRANO CONFORMA UMA TRANÇA, NA QUAL A MULHER É UMA DAS SUAS “MECHAS” E QUE, DIFERENTEMENTE DAS NARRATIVAS CANÔNICAS, OCUPA UM PAPEL TÃO PREPONDERANTE QUANTO AS OUTRAS DUAS NA CONFIGURAÇÃO E HISTÓRIA DO PAÍS.