O foco do ensino de Língua Portuguesa perpassou séculos, no Brasil, dando ênfase à abordagem dos conteúdos gramaticais e ainda, aos aspectos históricos da literatura nacional. Em 1998, a partir do lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio teve início uma discussão provocadora a respeito dos verdadeiros objetivos desse trabalho, de forma que os educadores foram orientados a considerar o histórico de interações e letramentos que o educando traz para o ensino médio, já que o perfil que se espera consolidar nessa etapa perpassa pela leitura crítica e lúdica de textos publicados em diversos suportes e sistemas de linguagem. Assim sendo, ao final da educação básica, segundo os PCNs, o educando deve conhecer, usar e compreender a multiplicidade de linguagens que ambientam as práticas de letramento multissemiótico em nossa sociedade, geradas pelas diferentes esferas sociais. Ainda segundo os referidos parâmetros, ele deve ainda desenvolver habilidades que lhe permitam dominar situações de produção escrita, oral e imagética, as quais lhe favorecerão inserir-se em práticas de linguagem que envolvam textos, cuja compreensão exige conhecimentos distintos dos utilizados em situações de interação informais. Nesse contexto, a abordagem da língua materna permite ainda ao estudante a construção de conhecimentos e habilidades que favorecem a reflexão a respeito dos usos da língua e linguagem nos textos, como também sobre os fatores que contribuem para sua variação e variabilidade. Embora a exposição evidencie a urgente necessidade de se redimensionar o processo ensino-aprendizagem da língua materna, na prática o foco permanecia o descrito anteriormente. Em 2009, o Ministério da Educação reconfigurou o Exame Nacional do Ensino Médio, cuja primeira edição ocorrera há dez anos, de forma que os conteúdos foram associados a competências e habilidades. Segundo Lino de Macedo “competência é uma habilidade de ordem geral, enquanto a habilidade é uma competência de ordem particular.” Partindo desses conceitos, a matriz de referência do ENEM de Linguagens e Códigos e suas Tecnologias foi estruturada em nove competências, pormenorizadas em trinta habilidades. Selecionamos para essa análise as competências cinco, sete, oito e nove da referida matriz em razão de relevância do conjunto. Esperamos com esse artigo está contribuindo para que os docentes repensem sua prática, considerando a complexidade e importância de se desenvolver competências e habilidades nos educandos, em lugar do repasse mecânico e irreflexivo de regras gramaticais, como ocorrera há séculos.