O desemprego da população jovem é um desafio, pois os postos de trabalho estão cada vez mais escassos. O grupo dos jovens compõe o segmento mais atingido pelo desemprego. As políticas de qualificação profissional destinadas à juventude, iniciadas na gestão do ex-presidente Lula (2003 a 2010) e que permaneceram na gestão da presidenta Dilma, atuam no pressuposto de que há vagas de emprego, o que falta, são profissionais qualificados. Essas políticas tiveram como objetivo elevar as habilidades produtivas dos jovens trabalhadores, integrando-os ao mundo do trabalho. Os jovens se auto- responsabilizam pelo fracasso e na busca por mudanças, retornam a escola para participar dos programas de qualificação profissional oferecidos pelo governo. Entretanto, devido à sua ligeireza e precariedade, a participação nesses programas não garantiu nem garante uma redução significativa do desemprego juvenil. Pensadores críticos sugerem que melhorar as habilidades dos jovens não é garantia de emprego, pois o problema é a geração insuficiente de postos de trabalho para a população. Diante da realidade do mercado de trabalho, devemos questionar o real objetivo desses programas - qualificar o jovem para o mercado de trabalho, ou ocupá-lo e conter a possível ameaça que o jovem desocupado pode representar para a sociedade. É o que nos propomos fazer, a partir da análise de fontes bibliográficas que discutem questões como juventudes, políticas públicas e programas de educação profissional. Parte-se do pressuposto de que o objetivo principal desses programas não é qualificar o jovem para o mercado de trabalho, mas conter a possível ameaça que o jovem pobre e desocupado pode se tornar para a sociedade. Não é por acaso que esses programas são desenvolvidos nas periferias da cidade e acabam que atuam como uma forma de satisfação social. Na tentativa de “eliminar” o desemprego juvenil, são criadas políticas sociais compensatórias, assistenciais e de controle para tentar modificar o atual cenário, porém sem intervenções nos processos que produzem essas situações. As medidas reparadoras tomam o lugar dos direitos dos cidadãos.